09 Junho 2014
O arcebispo brasileiro de Olinda e Recife (nordeste), Dom Fernando Saburido, enviou a Roma um pedido de abertura do processo de beatificação do seu antecessor, Dom Helder Câmara, que faleceu em 1999. O processo diocesano dessa figura significativa da Igreja do Brasil tinha sido aberto em julho de 2013, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.
A reportagem é do sítio Cath.ch, 02-06-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Antônio Diego Santos da Cunha, vice-secretário do arcebispo, disse que, no dia 29 de maio de 2014, Dom Saburido assinara e enviara a carta à Congregação para as Causas dos Santos no Vaticano. Nela, salienta-se a importância e a influência de Dom Helder na Igreja e na sociedade brasileira. Foi ele quem fez com que o mundo conhecesse o que acontecia durante a ditadura, entre 1964 e 1985. A carta aponta que Dom Helder foi, e ainda é, um grande exemplo para as pessoas, encorajando a viver o Evangelho.
Nascido no dia 7 de fevereiro de 1909 em Fortaleza, ordenado padre em 1931, nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro em 1952, Dom Helder Câmara se tornou arcebispo de Olinda e Recife, no Nordeste, em 1964, uma das regiões mais pobres do país. Lá permaneceu até 1985. Em Recife, logo se fez notar deixando o palácio episcopal para se estabelecer em uma modesta casa no coração das favelas.
Defender dos direitos humanos, é uma das figuras da teologia da libertação. Participou da fundação, em 1950, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); depois, em 1955, da criação do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). Próximo do cardeal Montini, o futuro Papa Paulo VI, participou ativamente do Concílio Vaticano II, opondo-se firmemente à tendência conservadora e implementando as opções pastorais do Concílio na sua diocese.
Realizou uma pastoral dirigida ao serviço dos pobres, que se baseou no movimento Ação, Justiça e Paz. Desejou que os futuros padres seja formados de uma forma igualmente séria na ação social tanto quanto na teologia. Sob a ditadura militar, trabalhou para despertar as consciências à necessidade de uma sociedade mais justa, o que lhe valeu o apelido de "bispo vermelho" e a marginalização, também por parte do episcopado brasileiro.
Tornou-se conhecido na Europa com turnês de conferências e com cerca de 20 livros traduzidos em cerca de 15 idiomas, em que denunciava a pobreza do terceiro mundo, as vendas de armas, a guerra do Vietnã e a violência da ditadura brasileira. Aposentado desde 1985, Dom Helder Câmara morreu no dia 27 de agosto de 1999, em Recife.
A herança de Dom Helder Câmara foi fortemente contestada pelo seu sucessor, Dom José Cardoso Sobrinho. Nomeado em 1985 por João Paulo II, fez tábua rasa da sua ação pastoral, fechando em particular o Instituto de Teologia, deslocando ou mandando de volta para as suas regiões os padres que mostravam uma solidariedade evidente demais com Dom Helder.
Tendo-se tornado arcebispo de Recife em 2009, Dom Fernando Saburido se esforçou desde então para trazer novamente a unidade para a diocese e para fazer da ação junto aos pobres novamente uma prioridade pastoral. É nesse sentido que abriu em 2013 a fase diocesana do processo de beatificação de Dom Helder e que pediu a abertura do processo em Roma.
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Pedido de abertura do processo de beatificação de Dom Helder Câmara é enviado ao Vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU