Por: André | 30 Abril 2014
O Papa Francisco recordou João Paulo II como o “Papa das famílias”, e João XXIII como o Papa “da docilidade ao espírito” na homilia feita durante a missa solene de canonizaçãode seus predecessores na Praça São Pedro. O Papa Bergoglio concluiu a homilia pedindo que Wojtyla e Roncalli “intercedam pela Igreja, para que, durante estes dois anos de caminho sinodal, seja dócil ao Espírito Santo no serviço pastoral à família. Que ambos nos ensinem a não nos escandalizarmos com as chagas de Cristo, a penetrarmos o mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre perdoa, porque sempre ama”.
Fonte: http://bit.ly/1nx2Vxx |
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 27-04-2014. A tradução é de André Langer.
“No centro deste domingo, que encerra a Oitava da Páscoa e que João Paulo II quis dedicar à Divina Misericórdia, encontram-se as chagas gloriosas do Cristo ressuscitado”, disse o Papa. “Ele já as mostrara na primeira vez que apareceu aos apóstolos na mesma tarde do primeiro dia da semana, o dia da ressurreição. Mas, Tomé, naquela tarde não estava; e, quando os outros lhe disseram que haviam visto o Senhor, respondeu que, se não visse e tocasse aquelas chagas, não acreditaria. Oito dias depois, Jesus apareceu novamente, no Cenáculo, no meio dos discípulos, e Tomé também estava; dirigiu-se a ele e o convidou para tocar suas chagas. E então, aquele homem sincero, aquele homem acostumado a comprovar pessoalmente as coisas, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: ‘Meu Senhor e meu Deus’ (Jo 20,28). As chagas de Jesus podem ser um escândalo para a fé, mas são também a comprovação da fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado as chagas não desaparecem, permanecem, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós, e são indispensáveis para crer em Deus. Não para crer que Deus existe, mas para crer que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. São Pedro, citando Isaías, escreve aos cristãos: ‘Suas feridas nos curaram’ (1Pd 2,24; cf. Is 53,5).”
“São João XXIII e São João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus – recordou o Papa –, de tocar suas mãos chagadas e seu lado transpassado. Não se envergonharam da carne de Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não se envergonharam da carne do irmão (cf. Is 58,7), porque em cada pessoa que sofria contemplavam Jesus. Foram dois homens corajosos, cheios de ‘parresia’ do Espírito Santo, e deram testemunho à Igreja e ao mundo da bondade de Deus, da sua misericórdia. Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Neles, Deus foi mais forte; foi mais forte a fé em Jesus Cristo Redentor do homem e Senhor da história; neles foi mais forte a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade de Maria. Nestes dois homens contemplativos das chagas de Cristo e testemunhas da sua misericórdia havia ‘uma esperança viva’, juntamente com uma ‘alegria inefável e radiante’ (1Pd 1,3.8). A esperança e a alegria que Cristo ressuscitado dá aos seus discípulos, e de que nada e ninguém os pode privar. A esperança e a alegria pascal, purificados no crisol da humilhação, do esvaziamento, da proximidade dos pecadores até o extremo, até a náusea por causa da amargura daquele cálice. Esta é a esperança e a alegria que os dois papas santos receberam como dom do Senhor ressuscitado, e que, por sua vez, deram abundantemente ao Povo de Deus, recebendo dele um reconhecimento eterno. Esta esperança e esta alegria se respirava na primeira comunidade dos fiéis, em Jerusalém, como narram os Atos dos Apóstolos (cf. 2,42-47). É uma comunidade na qual se vive a essência do Evangelho, isto é, o amor, a misericórdia, com simplicidade e fraternidade.”
“E esta é a imagem de Igreja que o Concílio Vaticano II teve diante de si – destacou Bergoglio. João XXIII e João Paulo II colaboraram com o Espírito Santo para restaurar e atualizar a Igreja segundo sua fisionomia originária, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos séculos. Não esqueçamos que são precisamente os santos que levam avante e fazem crescer a Igreja. Na convocação do Concílio, João XXIII demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado. Este foi seu grande serviço à Igreja; foi o Papa da docilidade ao Espírito.”
Neste serviço ao Povo de Deus, explicou o Papa Francisco, “João Paulo II foi o Papa da família. Ele mesmo, certa vez, disse que assim gostaria de ser lembrado como o Papa da família. Gosto de destacar isso agora que estamos vivendo um caminho sinodal sobre a família e com as famílias, um caminho que ele, do Céu, certamente acompanha e sustenta. Que estes dois novos santos pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja, para que, durante estes dois anos de caminho sinodal, seja dócil ao Espírito Santo no serviço pastoral à família. Que ambos – concluiu – nos ensinem a não nos escandalizarmos com as chagas de Cristo, a penetrarmos o mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre perdoa, porque sempre ama.”
Ao concluir a Missa de canonização na qual declarou santos São João Paulo II e São João XXIII, o Papa Francisco rezou o Regina Caeli, a oração mariana que corresponde ao tempo da Páscoa, e ressaltou que ambos os pontífices amaram como verdadeiros filhos a Virgem Maria: “E agora – concluiu o Papa depois de agradecer a todos os presentes – vamos nos dirigir em oração à Virgem Maria, que São João XXIII e São João Paulo II amaram como seus verdadeiros filhos”.
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Francisco: que os Papas santos intercedam para que o Sínodo seja misericordioso com as famílias - Instituto Humanitas Unisinos - IHU