Por: André | 28 Abril 2014
Karol Wojtyla era “um grande homem, um grande Papa”, e “estou feliz por ter sido chamado para proclamar sua santidade”, disse o Papa Francisco em uma mensagem em vídeo enviada à Polônia por ocasião da cerimônia deste domingo, durante a qual serão [foram] canonizados João XXIIIe João Paulo II. Mas não há dúvida de que o processo para a auréola ao “atleta de Cristo” polonês já se encontrava em fase avançada quando ocorreu o último Conclave. A verdadeira novidade é, pois, a canonização contemporânea de Roncalli, que Francisco decidiu nas primeiras semanas do seu Pontificado.
Fonte: http://bit.ly/1leZ71i |
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 26-04-2014. A tradução é de André Langer.
Para o Papa Bergoglio, Roncalli é uma referência. “Ambos contam com um forte consenso popular, graças à sua natural capacidade de comunicar, de forma concreta e imediata, o sentido da humanidade e da bondade de Deus”, observa Stefania Falasca no livro “João XXIII; a revolução em uma carícia”. Desde os primeiros passos do seu Pontificado, Francisco disse, e sobretudo mostrou com gestos, que “não devemos ter medo da ternura”.
João XXIII é recordado pelo famoso “discurso da lua”, pronunciado na noite do dia 11 de outubro de 1962, e que terminou com o convite para levar uma carícia do Papa aos filhos que estavam em suas casas; Francisco converteu o abraço aos mais pequenos, aos doentes e aos anciãos, em um dos seus gestos mais importantes das suas audiências, nas quais nunca se preocupa com a hora.
Também as frequentes visitas às paróquias romanas, que Francisco considera prioritárias em seu ministério como Bispo de Roma, constituem um vínculo com João XXIII, que retomou estas visitas, interrompidas durante séculos.
O ex-secretário de Roncalli, Loris Capovilla, hoje cardeal, destacou que nestes gestos não pretendiam ser “revolucionários”, porque não faziam mais que colocar em prática os deveres de pastor.
E há também a insistência na misericórdia, outra característica comum. Da “medicina da misericórdia”, com mais de meio século de antecipação com relação à “misericórdia” de Francisco, havia falado justamente João XXIII. Um pastor que durante sua vida tratou de construir pontes, de estender a mão, de chegar aos mais “afastados”, os que pertenciam a outras confissões cristãs e outras religiões, assim como os que não tinham fé. A mesma atitude que agora caracteriza o Pontificado de Bergoglio.
Há duas razões fundamentais na decisão de proclamar santo o Pontífice de Bérgamo que convocou e abriu o Concílio Vaticano II: o culto litúrgico já difundido em todo o mundo, por conta de uma “fama de santidade” também difundida (assim como muitas graças recebidas, algumas inclusive apresentam as características de curas inexplicáveis); e o fato de que alguns padres conciliares pedissem que o Papa João, que acabava de morrer, fosse proclamado diretamente santo por aclamação.
Bergoglio considera, pois, muito atual a figura de Roncalli, tanto para a Igreja como para o mundo. Por isso, decidiu canonizá-lo, sem passar pelo reconhecimento oficial do segundo milagre devido à sua intercessão.
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A sintonia entre Roncalli e Bergoglio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU