Por: André | 06 Março 2014
“Incompatibilidade de funções”. Dessa maneira Lucio Ángel Balda explicou as razões da sua anunciada, mas nunca confirmada nomeação para “número dois” da nova Secretaria de Economia do Vaticano, criada pelo Papa Francisco há pouco mais de uma semana. “A nomeação simplesmente não aconteceu”, reconheceu em declarações divulgadas pela cadeia espanhola de rádio Cope.
A reportagem é de Andrés Beltramo Alvarez e publicada no sítio Vatican Insider, 04-03-2014. A tradução é de André Langer.
“A notícia foi divulgada sem ter saído a nomeação. Eu, naquele momento, não podia dizer nada porque estávamos estudando as situações em que ficavam os diferentes organismos econômicos da Santa Sé por conta do Motu Proprio publicado pelo Papa”, explicou o clérigo, próximo à Opus Dei.
Mas foi ele mesmo quem havia confirmado publicamente à imprensa sua iminente designação como prelado secretário da nova estrutura. Inclusive o prefeito da Secretaria, o cardeal australiano George Pell, o havia apresentado como tal.
Tudo aconteceu na segunda-feira, 24 de fevereiro. Nesse dia a Sala de Imprensa do Vaticano tornou público um decreto em forma de Motu Proprio (por vontade própria) assinado por Jorge Mario Bergoglio. Com o mesmo se ordenava a criação da Secretaria de Economia, um ministério que se encarregará de coordenar e supervisionar todas as operações administrativo-orçamentárias da Santa Sé.
O organismo foi criado a partir das recomendações da Comissão referente aos problemas econômico-administrativos da Santa Sé, um grupo de trabalho criado pelo Pontífice em 2013 para estudar as reformas necessárias ao organograma vaticano. O secretário dessa comissão é justamente Vallejo Balda.
Assim era lógica a sua chegada à nova estrutura. Por isso surpreendeu que nesta segunda-feira, 03 de março, a Sala de Imprensa vaticana anunciasse não sua nomeação, mas a de Alfred Xuareb, auxiliar pessoal de Francisco, como o segundo atrás de Pell.
Enquanto isso, Xuareb revelou que manterá seu cargo atual de secretário da Prefeitura para os Assuntos Econômicos da Santa Sé e seu trabalho na comissão referente. Mas esclareceu que a prefeitura irá desaparecer, já que se converterá no escritório do Revisor Geral, um cargo criado também pelo decreto do Papa, embora ainda não se saiba quem o ocupará.
“Eu vou continuar no meu cargo na prefeitura porque não posso deixá-lo, por ser um órgão de controle que não pode faltar pelo prestígio internacional da Santa Sé, nossas contas são auditadas diariamente e isto não pode falhar”, indicou.
“Este escritório acabará se convertendo no escritório do revisor geral da Santa Sé, como está previsto na nova reforma, mas até que isto aconteça eu continuarei realizando este ofício que é incompatível com a pertença a qualquer órgão de gestão da Santa Sé, porque são órgãos que nós devemos controlar. É impossível que um diretor de um órgão controlador pertença a um órgão controlado”, acrescentou.
Admitiu que durante toda a semana suportou a pressão midiática e mostrou-se prudente com o futuro da nova secretaria, “que não é nada fácil de colocar em funcionamento e com a qual todos estamos colaborando”.
“O Santo Padre pediu que continuemos trabalhando na comissão da reforma da cúria, que ainda tem alguns meses de trabalho pela frente para terminar os diferentes projetos iniciados. Dessa maneira, vou continuar trabalhando nesta comissão referente e ajudando a concretizar a nova estrutura que está nascendo”, ponderou.
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“Incompatibilidade de funções”: a versão de Vallejo Balda - Instituto Humanitas Unisinos - IHU