Por: Cesar Sanson | 12 Fevereiro 2014
Após morte de cinegrafista, adeptos da tática e ativistas lembram mortes em protestos que foram 'esquecidas'.
A reportagem é publicada no portal iG, 11-02-2014.
Ainda que a morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, tenha provocado uma onde de críticas aos black blocs por parte da população, da imprensa e da classe política, os adeptos da tática não deixam de receber apoio de outros manifestantes e de ativistas pelo Facebook. Nas páginas do grupo, tanto os donos do perfil quanto os seguidores lamentam a tragédia, mas lembram de outras pessoas que morreram durante manifestações e foram “esquecidas”, segundo eles.
“Sinceras condolências. Cinegrafista da Band acaba de falecer, morte cerebral constatada pela equipe médica do Hospital Souza Aguiar. Condolências também para família do Sr. Tasman Amaral Accioly - ambulante que morreu atropelado, por um ônibus quando corria das bombas que a Polícia Militar jogava. Condolências também para as famílias dos trabalhadores que morreram na construção de estádios para Copa: Antônio José Pita Martins, 55 anos; José Afonso de Oliveira Rodrigues, 21; Fábio Luiz Pereira, 42; Ronaldo Oliveira dos Santos, 44; Raimundo Nonato Lima Costa, de 49; Marcleudo de Melo Ferreira, 22; José Antônio da Silva Nascimento, de 49; e milhares de famílias que perdem seus filhos pra legitima defesa de policiais. Nossos sinceros respeitos e condolências às famílias”, diz o texto publicado por administradores da página dos mascarados na rede social.
O tom em comentários deixados por seguidores é o mesmo. Internautas defendem que a tática deve continuar a ser usada em manifestações por conta da repressão policial que já deixou vários outros feridos desde junho de 2013, inclusive membros da imprensa. “Os black blocs são necessários nas manifestações, uma vez que a PM é ardilosa, corrompida em suas intenções de emboscar os manifestantes. Quem não os viu fazendo isto na descida da (rua) Augusta, invadindo um hotel e descarregando as bombas nos manifestantes pacíficos???”, questiona em referência ao caso de ativistas que dizem ter sido agredidos ao entrarem no Hotel Linson, em São Paulo, para se proteger, no fim de janeiro.
Há também quem acuse os parlamentares de usarem a morte do cinegrafista para aprovarem o projeto de lei 499/2013, conhecido como lei antiterrorista, que inclui como ato típico de terrorismo “provocar ou difundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade de pessoa” e estabelece penas de 15 a 30 anos de reclusão ou de 24 a 30 anos de prisão se resultar em morte.
“A cama de gato já está montada, estão claramente adaptando o AI-5 (Ato Institucional número 5, baixado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do general Costa e Silva, dando poder de exceção aos governantes para punir arbitrariamente os que combatessem a ditadura militar). Vocês pensam que vai parar só no PLS 499/2013? Criaram uma comoção popular para aprovar esta nova lei. Criaram um mártir. É daí para pior. Governo corrupto, mídia corrupta, povo cordeiro, conformista, alienado”, critica um dos usuários.
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Black blocs recebem apoio de internautas pelas redes sociais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU