Por: André | 17 Janeiro 2014
A Igreja católica pretende “converter-se em um exemplo” na luta contra os abusos e na proteção da infância. Foi o que defendeu mons. Silvano Tomasi na apresentação do relatório da Santa Sé ao Comitê das Nações Unidas de Genebra sobre a aplicação da Convenção sobre os Direitos da Criança.
Fonte: http://bit.ly/1eMXPaN |
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 16-01-2014. A tradução é de André Langer.
As perguntas dos especialistas da ONU (formuladas por escrito há alguns meses e que foram respondidas nesta quarta-feira em uma sessão em Genebra) centram-se nos casos de pederastia e de maus-tratos de menores na Igreja da Irlanda, Espanha e México (sobretudo em relação ao fundador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel Degollado). A sessão de ontem, dedicada à Santa Sé, durou todo o dia.
O Vaticano subscreveu a Convenção em 1990 e em 2001 assinou outros dois “protocolos opcionais”. No final de novembro do ano passado, como prevê a legislação, a Santa Sé enviou a Genebra uma resposta por escrito às perguntas da ONU. Partindo do pressuposto de que os bispos e os superiores religiosos não são representantes ou delegados do Papa, as perguntas sobre os casos particulares de abuso que se verificaram em instituições católicas de todo o mundo não são pertinentes enquanto convenção por parte da Santa Sé.
Esta indicação de dezembro do ano passado suscitou as críticas de algumas associações de vítimas da pederastia. “As críticas – comentou aos microfones da Rádio Vaticano mons. Tomasi – podem ser feitas facilmente, às vezes inclusive têm fundamento real; qualquer crime é um mal, mas quando há crianças envolvidas é muito mais grave”; no entanto, “a acusação de que a Santa Sé teria obstruído a Justiça me parece um pouco fora da realidade”.
Durante a audiência, Tomasi recordou os instrumentos que o Vaticano foi aprovando nos últimos anos, tanto em nível interno como internacional, para enfrentar este “triste fenômeno”. O diplomata vaticano, que destacou o compromisso de João Paulo II, Bento XVI e Francisco para com o assunto, disse que “não há desculpas – reiterou o arcebispo – para qualquer forma de violência ou exploração das crianças. Estes crimes nunca podem ser justificados, quer sejam cometidos no lar, nas escolas, na comunidade, em ambiente esportivo, ou nas organizações e estruturas religiosas... Esta é a política de longo prazo da Santa Sé... Por este motivo, a Santa Sé e as estruturas locais da Igreja em todas as partes do mundo estão comprometidas com a defesa da inviolável dignidade da pessoa integral de cada criança: corpo, mente e espírito”.
A Igreja católica, indicou, “está ansiosa para converter-se em um exemplo de ‘best practices’ nesta importante empresa”, tal e como exige a Convenção da ONU. Durante a audiência da manhã, Tomasi destacou que desde dezembro passado, quando o Vaticano enviou as respostas por escrito, “um cidadão do Estado da Cidade do Vaticano foi investigado por supostos crimes sexuais contra crianças praticados fora do território do Estado da Cidade do Vaticano”. É uma referência implícita ao caso do ex-núncio apostólico na República Dominicana, o polonês Jozef Wesolowski, sobre quem pesam duas investigações tanto na ilha caribenha como em sua terra natal e que foi destituído em 21 de agosto passado. Ao responder aos especialistas da ONU sobre a questão da não extradição, Tomasi insistiu em que, seguindo as novas normas aprovadas pelo Papa Francisco, Wesolowski será processado no Vaticano (e não será extraditado) enquanto diplomata da Santa Sé. O ex-núncio será processado não apenas canonicamente pela Congregação para a Doutrina da Fé, mas também penalmente pelo Tribunal Vaticano. A investigação, disse Tomasi, está em andamento e o religioso polonês será julgado “com a severidade que o caso merece”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
O Vaticano na ONU: seremos um exemplo contra a pederastia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU