16 Setembro 2013
Na quarta-feira, 11 de setembro, o Papa Francisco recebeu em audiência privada Gustavo Gutiérrez, peruano, que está na Itália para apresentar a reedição de um livro de 2004, escrito por ele junto com o seu discípulo e amigo Gerhard Ludwig Müller, hoje prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, livro que foi propagandeado por muitos – até mesmo pelo L'Osservatore Romano – como a prova da reabilitação vivida pela teologia da libertação, da qual Gutiérrez foi o fundador de destaque.
A nota é de Sandro Magister, no blog Settimo Cielo, 13-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Mas não foi feita nenhuma comunicação oficial sobre a audiência. Como se Jorge Mario Bergoglio quisesse continuar marcando as distâncias, consciente das duras críticas expressas por ele no passado contra a teologia da libertação.
Uma confirmação indireta das persistentes reservas do papa com relação a essa corrente teológica veio em uma carta aberta endereçada a Gutiérrez por Clelia Luro, a viúva de Jerónimo Podestá, ex-bispo de Avellaneda, que se casou em 1972, depois de deixar o sacerdócio e que morreu no ano 2000 em condições de extrema pobreza, em que o então arcebispo de Buenos Aires acorreu ao seu leito de morte, único entre os dirigentes da Igreja.
Na carta ao "querido Gustavo", publicada no site católico progressista Redes Cristianas, Clelia Luro relata ter recebido no sábado, 7 de setembro, um telefonema de Francisco, em que o papa lhe disse se lembrar bem de uma descortesia cometida por Gutiérrez contra Podestá.
Chamado para proferir uma conferência em Córdoba, organizada pela associação dos "párocos do terceiro mundo", à qual o ex-bispo também havia sido convidado, Gutiérrez se recusou a começar "se Jerónimo permanecesse na sala". E assim aconteceu. Gutiérrez começou a falar somente depois que Podestá tinha saído.
Na mesma carta, Clelia Luro critica o teólogo peruano por ter adotado o mesmo comportamento também com Leonardo Boff, o mais famoso dos teólogos da libertação.
"Se a Teologia da Libertação nos leva a ser juízes dos nossos irmãos, seria preciso fazer a Libertação dessa Teologia", comentou a viúva de Podestá.
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O papa recebeu Gutiérrez. Mas não se esqueceu da sua descortesia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU