08 Agosto 2013
Agora é oficial: o padre Paolo Dall'Oglio, o missionário jesuíta que desapareceu na Síria há nove dias, caiu nas mãos dos terroristas do "Estado Islâmico Síria-Iraque", o "novo nome de uma versão local da Al-Qaeda". Foi a ministra das Relações Exteriores italiana, Emma Bonino, primeiro no programa Unomattina e depois no encontro Itália-Rússia, em Villa Madama, entre os ministros e as delegações das Relações Exteriores e da Defesa, que esclareceu a questão nessa terça-feira.
A reportagem é de Paolo G. Brera, publicada no jornal La Repubblica, 07-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Traçar o caminho para o seu retorno será um jogo muito difícil, mas "nós não nos damos por vencidos", mesmo que "vocês devem entender todas as dificuldades", disse Bonino, relançando as esperanças por Domenico Quirico. O jornalista do La Stampa desapareceu na Síria no dia 9 de abril, reapareceu de repente um mês atrás em um breve telefonema para a sua esposa e depois desapareceu novamente: "Estou esperançosa. Houve outros contatos com diversos canais e vários grupos, contatos que às vezes se interrompem e depois são retomados. Não nos damos por perdidos e realmente continuamos procurando: nesse tipo de região, uma notícia negativa aparece, e isso não aconteceu".
Enquanto isso, Rússia e Itália concordam em um ponto: não serão as armas, mas sim o diálogo que irá salvar a Síria. O problema é que colocar todos ao redor de uma mesa torna-se mais difícil a cada dia. Na segunda-feira, Assad prometeu esmagar no campo a oposição "terrorista", mas nessa terça-feira Bonino e Sergej Lavrov, ministro das Relações Exteriores de Moscou, lançaram um apelo para percorrer "o quanto antes possível" o caminho da paz de Genebra 2, a conferência internacional promovida pelos EUA e pela Rússia. "A única saída é diplomática, embora com todas as dificuldades que existem", diz Bonino, esperando que "a oposição consiga ser coesa".
A versão russa, porém, tem uma profunda distinção: "Devemos reafirmar a linha que surgiu no G8, oposição e regime expulsem juntos os terroristas do território sírio", disse Lavrov, recordando os "500 mortos no Norte pelos milicianos nos últimos dias, incluindo muitos civis". Mas, "sobre a dramática aritmética da morte, eu lembra que, desde o início do conflito, houve mais de 100 mil mortos e um milhão de refugiados", afirma Bonino.
E se Lavrov reitera o "não" para armar as oposições – porque mesmo que "Assad não seja nosso amigo íntimo, mas apenas um parceiro, devemos evitar que o país se torne um foco do terrorismo" –, Bonino, na mesa diplomática, recordou as muitas armas russas em circulação.
E enquanto Assad se reanima por causa dos sucessos militares, afastando nos fatos a conferência de paz, o sangue escorre aos litros: nessa terça-feira, um carro-bomba, na periferia drusa e cristã de Damasco, provocou cerca de 20 mortos.
Mas a negociação ítalo-russa se centrou em um ponto concreto: aproveitou a disponibilidade de Moscou para verificar como "prestar ajuda humanitária através das agências da ONU", e assim muitas vidas poderiam ser salvas.
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''Padre Dall'Oglio está nas mãos de um grupo terrorista sírio'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU