Por: André | 25 Mai 2013
O Papa Francisco estaria pensando em uma encíclica sobre a pobreza. Mas antes poderia publicar a encíclica sobre a fé, em cuja redação está trabalhando o seu predecessor, o “Sumo Pontífice Emérito” Bento XVI (título consagrado na nova edição do Anuário Pontifício). A “revelação” foi feita por um dos religiosos italianos que foram recebidos há poucos dias pelo Papa durante as visitas “ad limina”, Luigi Martella, bispo de Molfetta, e apareceu no último número da revista diocesana Luce & Vita.
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada pelo sítio Vatican Insider, 24-05-2013. A tradução é do Cepat.
Dom Martella descreveu a audiência com Francisco e divulgou detalhes da conversa com o Papa: “Ele quis fazer uma confidência, quase uma revelação”. “Bento XVI – escreveu o bispo – está terminando de escrever a encíclica sobre a fé e que terá a assinatura do Papa Francisco”. “Depois – acrescentou –, ele mesmo preparará sua primeira encíclica sobre os pobres: ‘Beati Pauperis’. A pobreza – precisou – entendida não no sentido ideológico ou político, mas no sentido evangélico”.
Segundo o bispo de Molfetta, o próprio Ratzinger estaria trabalhando diretamente no texto sobre a fé. Trata-se de um projeto que começou há muitos meses e que deverá ser publicado em 2013, no final do Ano da Fé, proclamado pelo próprio Bento XVI. Segundo a informação que circulou, o Papa ainda não estava envolvido diretamente na redação deste texto, uma vez que estava a cargo da Congregação para a Doutrina da Fé após esta ter recebido indicações do próprio Bento XVI.
O padre Lombardi, no dia seguinte à renúncia de Ratzinger, confirmou a existência de um texto e também indicou que não havia sido publicado antes da renúncia oficial de Bento XVI, no dia 28 de fevereiro. Houve quem pensasse que a reflexão sobre a fé (que completaria a trilogia dedicada às virtudes teologais – fé, esperança e caridade) teria se transformado em um livro ou, de qualquer maneira, em um texto “privado” de Joseph Ratzinger.
Pelo que indicou o bispo Martella, Francisco teria decidido “apropriar-se” do projeto. Algo semelhante ao que aconteceu após a eleição de Bento XVI, que usou para sua primeira encíclica (Deus Caritas Est) os rascunhos de uma que havia sido preparada João Paulo II, mas não concluída.
O bispo de Molfetta também disse que o Papa lhe pediu duas vezes que rezasse por ele. “Sentiu-se muito agradecido quando lhe dissemos que o queremos muito e que o nosso povo está admirado com sua pessoa e que está rodeado de muitíssimo afeto. Ele se esquivou do afago dizendo que não era obra sua, mas um dom de Deus. Além disso, demonstrou seu senso de humor diante da pergunta: ‘Santidade, como está? Como está aqui?’. Ele, com um sorriso nos lábios, respondeu: ‘Enquanto via que os votos no Conclave aumentavam, não perdi a paz. Portanto, durmo muito bem’. Depois acrescentou: ‘Mas há muitíssimas coisas para fazer’. O animamos para que siga nesta linha, porque estamos com ele”.
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Encíclica sobre a fé: escrita por Bento e assinada por Francisco? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU