20 Mai 2013
Em Honduras, teme-se pela vida do padre Candido Pineda. O sacerdote, ameaçado várias vezes pela sua atividade em defesa dos índios e dos agricultores pobres, foi preso junto com 22 membros da Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), durante uma violenta ação policial no município de La Campa, no departamento de Lempira.
A reportagem é de Geraldina Colotti, publicada no jornal Il Manifesto, 19-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A população local é toda de origem indígena, da etnia Lenca, majoritária no oeste do país, onde se encontra o vilarejo, e sofre a prepotência cotidiana de mercenários e latifundiários. Outro sacerdote, Esteban Méndez, ao contrário, conseguiu fugir da ação policial e conseguiu dar o alerta.
As forças especiais entraram sem mandado na paróquia, descumprindo a lei que impede a invasão a domicílio sem a ordem de um juiz, disse o procurador dos direitos humanos, Armando Manzanares, que também é porta-voz da FNRP Intibucá.
Na origem, um conflito entre Darwin Andino, novo bispo da arquidiocese de Santa Rosa de Copán, responsável por essa comunidade, e o incômodo padre Pineda, que o superior gostaria de transferir para outro lugar.
A população, no entanto, está do lado do pároco e contesta vigorosamente a obra do bispo, que chegou há um ano. Para os índios, o bispo é "persona non grata". Eles o acusam de cumplicidade com os poderes fortes durante o golpe de Estado contra o então presidente Manuel Zelaya, que foi deposto e expulso do país pelos militares e por grupos de direita no dia 28 de junho de 2009. Na semana passada, os fiéis tentaram impedir que o bispo entrasse na igreja, e ele chamou a polícia, que, com armas em punho, expulsou os manifestantes.
O Centro de Prevenção, Tratamento e Reabilitação das Vítimas de Tortura (CPTRT) tomou posição sobre o episódio: "É intolerável – escreveu – que a Igreja Católica recorra à repressão policial para impor a vontade das cúpulas perante o povo humilde que defende o seu direito à autodeterminação. Não é estranho que o bispo Darwin Andino, que justificou a violência policial militar durante o golpe de Estado de 2009, recorra à repressão policial para alcançar os seus objetivos, mas é um direito dos povos se defenderem quando se sentem agredidos". Para a organização humanitária, o afastamento dos párocos incômodos visa a "desarticular o movimento de defesa dos recursos naturais e os direitos da mãe terra das comunidades indígenas de toda a diocese".
Em Honduras, um dos países mais violentos da América Latina, a impunidade e a militarização têm aumentado depois do golpe que, então, levou antes ao governo ilegítimo de Roberto Micheletti e, depois, à eleição-farsa de Porfirio Lobo, em novembro de 2009. A última missão da ONU, que chegou em fevereiro para verificar a presença de mercenários e o seu uso político, também permaneceu como letra morta.
No próximo dia 24 de novembro, ocorrerão as eleições presidenciais. São nove os partidos na lista. A favorita pelas pesquisas, é a esposa de Zelaya, Xiomara Castro, que fundou o partido Libertad y Refundación (Libre) e que é apoiada pela esquerda e pelos movimentos. Uma pesquisa realizada no início de maio com uma amostra de 1.200 pessoas, em 18 departamentos do país, atribuiu-lhe 28% das intenções de voto. A seguir, com 21%, o apresentador de televisão Salvador Nasralla, candidato do Partido Anticorrupción (PAC), outra formação nascida após o golpe.
O Libre apresentou uma denúncia contra o fugitivo cubano Guillermo Farinas: por ter "ameaçado a candidata Xiomara Castro e ter atacado com fanatismo o governo cubano". Ele pediu a sua prisão por cumplicidade com os grupos de extrema direita "que o convidaram ao país".
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Paróquia é invadida e 23 pessoas são presas em Honduras - Instituto Humanitas Unisinos - IHU