Por: André | 01 Novembro 2012
“Aceitei de bom grado celebrar a missa do próximo sábado para os peregrinos que vêm para agradecer ao Papa pelo dom do motu proprio Summorum Pontificum: é uma forma de fazer entender que é normal usar a forma extraordinária do único rito romano...”. O cardeal Antonio Cañizares Llovera, prefeito da Congregação para o Culto Divino, respondeu desta forma à pergunta do Vatican Insider sobre o significado da celebração do próximo sábado, dia 03 de novembro, no altar da Cátedra da Basílica de São Pedro. Na terça-feira pela manhã, o porta-voz da peregrinação “Una cum Papa nostro” anunciou a presença do arcebispo Augustine Di Noia, vice-presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, na cerimônia.
A entrevista é de Andrea Tornielli e está publicada no sítio Vatican Insider, 30-10-2012. A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista.
Qual é o significado desta peregrinação?
Agradecer a Deus e agradecer ao Papa pelo motu proprio de cinco anos atrás, que reconhece o valor da liturgia celebrada segundo o Missal do Beato João XXIII, destacando a continuidade da tradição no rito romano. Ao reconhecer a liturgia anterior, compreende-se que com a reforma não se nega o que se usava anteriormente.
Por que aceitou celebrar a missa para os peregrinos que seguem o rito pré-conciliar?
Aceitei porque é uma forma de fazer entender que é normal o uso do Missal de 1962: existem duas formas do mesmo rito, mas é o mesmo rito e, por conseguinte, é normal que seja usado na celebração. Já celebrei em diferentes ocasiões com o Missal do Beato João XXIII, e o farei de bom grado também nesta ocasião. A Congregação, para a qual o Papa me chamou para ser Prefeito, não tem nada contra o uso da liturgia antiga, embora a verdadeira tarefa de nosso dicastério seja o aprofundamento do significado da renovação litúrgica segundo as diretrizes da Constituição Sacrosanctum Concilium e seguir na esteira do Concílio Vaticano II. Para isso é preciso dizer que inclusive a forma extraordinária do rito romano deve ser iluminada pela Constituição Conciliar, que nos últimos 10 parágrafos detalha o verdadeiro espírito da liturgia, razão pela qual vale para todos os ritos.
Que avaliação faz, cinco anos depois, da aplicação do motu proprio Summorum Pontificum?
Não conheço os detalhes do que acontece no mundo, sobretudo porque a competência sobre este aspecto pertence à Comissão Ecclesia Dei, mas creio que pouco a pouco se começa a compreender que a liturgia é fundamental na Igreja e que nós devemos voltar a dar vida ao sentido do mistério e do sagrado em nossas celebrações. Além disso, me parece que cinco anos depois da publicação se pode compreender melhor que não se trata apenas de alguns fiéis que vivem na nostalgia do latim, mas de aprofundar o sentido da liturgia. Todos somos Igreja, todos vivemos a mesma Comunhão. O Papa Bento XVI explicou isso muito bem, e no primeiro aniversário do motu proprio recordou que ninguém está sobrando na Igreja.
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“Celebro com o rito antigo para fazer entender que é normal usá-lo”, diz cardeal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU