05 Junho 2012
Os países da América Latina e o Caribe enfrentarão prejuízos anuais de US$ 100 bilhões até 2050, caso não adotem medidas para tentar conter os danos em decorrência do aquecimento global.
A reportagem é de Fernanda Bassette e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 05-06-2012.
O alarme vem de um levantamento feito pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em conjunto com a Comissão Econômica da América Latina e o Caribe (Cepal) e a World Wildlife Fund (WWF), que será apresentado hoje em Washington e no dia 20 na Rio+20, no Rio de Janeiro.
Para chegar ao número estimado do prejuízo, o relatório avaliou a literatura que identificou os diferentes impactos físicos e também fez cálculos próprios. "A novidade é que, pela primeira vez, temos um cálculo dos impactos físicos, utilizando uma metodologia similar e colocando custos financeiros em uma moeda que possa ser comparativa, no caso, o dólar", disse ao Estado Walter Vergara, chefe da Divisão de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade do BID.
De acordo com Vergara, os impactos físicos podem ser reduzidos com investimentos em adaptação. Ele cita que os problemas de perda de capacidade dos reservatórios hidroelétricos no Brasil, por exemplo, podem ser compensados com ações de reflorestamento.
"Uma medida de adaptação muito simples para o Brasil é trabalhar em bacias altas, acima dos reservatórios, fazer reflorestamento e conservar os bosques para que eles consigam reter a água e diminuir o impacto físico da perda de energia. Assim você consegue diminuir a velocidade de escoamento das águas e aumentar o armazenamento no solo", explicou Vergara.
O aumento do nível do mar também é outro impacto importante do aquecimento global. Para isso, o relatório aponta a necessidade de planejamento de infraestrutura urbana e também a construção de barreiras físicas.
O relatório ainda aponta os prejuízos nas lavouras agrícolas na América Tropical, Brasil, Bolívia e norte da Argentina em decorrência das condições climáticas. "Nas áreas onde era possível plantar soja, por exemplo, será necessário encontrar sementes que consigam se adaptar às mudanças de temperatura."
Segundo Vergara, o relatório ainda faz os cálculos do custo financeiro associado à diminuição rápida de emissões de gases na América Latina. "A gente calcula que será necessário investir outros US$ 110 bilhões por ano para reduzir as emissões do estágio de hoje para 2 toneladas per capita para o ano 2050. Essa é a única forma para que o planeta não esquente mais do que 2ºC neste século", finalizou.
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Custo do aquecimento global na AL é de US$ 100 bi/ano, diz BID - Instituto Humanitas Unisinos - IHU