15 Fevereiro 2012
Para o pastor da diocese italiana de Casale Monferrato, a condenação da Eternit um ato que paga apenas em parte a dor e os sofrimentos que a comunidade teve que sofrer durante décadas.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada no sítio Vatican Insider, 13-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"É uma sentença que faz justiça e que era devida à cidade. A todos aqueles que perderam a vida, aos seus familiares, parentes. Aos muitos que sofreram e estão sofrendo". Essa é a afirmação do bispo de Casale Monferrato, Dom Alceste Catella, feita logo após a sentença do tribunal de Turim, que condenou a 16 anos de prisão o empresário suíço Stephan Schmidheiny, de 65 anos, e barão o belga Louis De Cartier, de 91 anos, da Eternit.
O território de Casale Monferrato é o mais claramente afetados pelos desastres do amianto: os mortos e os contaminados são milhares, até porque a fábrica espalhava com poderosos ventiladores a poeira de amianto por toda a cidade, causando a contaminação até das pessoas que não estavam ligadas às atividades produtivas da Eternit.
A acusação havia pedido para ois réus, acusados de desastre ambiental permanente e omissão dolosa de precauções de segurança, uma condenação a 12 anos, aumentados para 20 anos por causa da continuação do crime. O processo instituído por Raffaele Guariniello havia iniciado no dia 6 de abril de 2009 e terminou hoje, atribuindo aos dois altos dirigentes da Eternit a responsabilidade pelas inúmeras mortes (cerca de 3 mil) por mesotelioma, uma grave forma de câncer, ocorrida entre os ex-empregados das fábricas da Eternit em contato com o amianto: a sentença emitida pelo tribunal de Turim é histórica, porque o caso Eternit é o primeiro no mundo em que a cúpula empresarial é condenada por desastre ambiental agravado, constituindo um importante precedente que poderia abrir caminho para dezenas de processos em toda a Europa.
"É um resultado obtido graças ao empenho dos juízes – continuou o prelado – aos quais cabe a tarefa de administrar a justiça, mas também a unidade de todos os casalenses, de toda a cidade cuja determinação tornou possível alcançar esse marco de justiça, porque tais situações não devem mais acontecer".
Mas, mesmo que tenha sido alcançada a meta fundamental e imprescindível desse percurso, para Dom Catella a obra de justiça não pode nem deve parar: "O mesmo empenho deve ser aplicado para seguir em frente nos estudos e nas pesquisas contra o mesotelioma, assim como nas obras de reabilitação às quais toda a cidade de Casale precisa. A atenção de todos deve permanecer alta – sublinha o prelado, em conclusão – por parte do governo que se interessou pela questão, pela administração regional, local, de cada um".
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Eternit: ''Uma sentença que faz justiça'', afirma bispo italiano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU