17 Dezembro 2011
Um vento de contestação sopra sobre a Igreja Católica na Europa. Da Áustria à Bélgica, vai se ampliando a fileira de sacerdotes e leigos que pedem reformas substanciais para Roma, para garantir a sobrevivência de comunidades já sem pastores por causa do declínio das vocações e do envelhecimento dos padres.
A reportagem é de Aldo Maria Valli, publicada no jornal Europa, 16-12-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Enquanto na Áustria o Apelo à desobediência continua recolhendo adesões, na Bélgica alguns padres e leigos assinaram um documento, “Os fiéis tomam a palavra”, em que se exige que, na ausência de padres, os leigos possam presidir as paróquias, distribuir a Comunhão e pregar, que se pense seriamente em admitir ao ministério sacerdotal homens casados e mulheres, e que os divorciados em segunda união possam se aproximar à Comunhão.
Os promotores enfatizam que não se sentem contestadores, mas sim fiéis em pleno direito, que querem revitalizar as comunidades na presença de um imobilismo romano que não quer tomar conhecimento da realidade.
A Igreja belga, abalada pelo escândalo dos abusos sexuais, está agora em estado de coma. O quadro traçado pelos promotores do manifesto é desanimador: "Paróquias sem padre, eucaristia em horas absurdas, liturgias sem Comunhão: isso não deve acontecer". "O que atrasa a necessária reforma da Igreja? Nós, fiéis flamengos, pedimos aos nossos bispos que superem o impasse em que estamos presos. Precisamos da palavra de Deus".
Enquanto isso, na Áustria, o pároco de Probstdorf, Helmut Schüller, ex-vigário geral da Arquidiocese de Viena e principal representante da Pfarrer-Initiative, que, nos últimos meses, convidou à desobediência contra Roma, anuncia uma nova ofensiva para os primeiros meses de 2012. "Pedimos também uma discussão entre o povo da Igreja e os bispos, que não podem se comportar como se fossem chamados apenas a aplicar ordens. Os nossos bispos não exploram a fundo as suas possibilidades".
Segundo uma pesquisa, 80% dos padres da Áustria pedem o fim do celibato obrigatório. Não porque pensam que apenas desse modo se poderá resolver o problema da falta de vocações, mas sim para "trazer mais experiência à vida pastoral", sem tirar nada de quem quer escolher o a via celibatária.
A Pfarrer-Initiative, que recentemente recebeu o prêmio da fundação suíça Herbert Haag para a liberdade na Igreja, também contatou a ACP, a Association of Catholic Priests, fundada em Dublin, com o objetivo de examinar a doutrina da Igreja sobre a sexualidade, as novas formas de escolher os bispos e a possibilidade de conferir a ordenação a homens casados e mulheres. Nos últimos 30 anos, defendem os membros da ACP, a Igreja institucional na Irlanda recuou para um gueto para defender estruturas superadas.
Recentemente, as inquietações da Igreja austríaca também surgiram de uma pesquisa de dois teólogos, Paul Zulehner e Petra Steinmair-Pösel, que, em nome da revista Welt der Frau [Mundo das Mulheres], demonstrado que grande parte das mulheres católicas se sentem tratadas injustamente pela Igreja. Mesmo sendo a maioria no trabalho desenvolvido nas paróquias e comunidades, dificilmente ocupam cargos de responsabilidade e raramente têm a oportunidade de decidir. A pesquisa revela ainda que a Igreja está se afastando cada vez mais das mulheres instruídas.
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Ventos de protesto na Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU