22 Novembro 2011
O acampamento Guaviry, da etnia indígena guarani-caiuá, atacado por um grupo armado na manhã da última sexta-feira, recebeu, no fim de semana, a adesão de cerca de 70 índios da mesma etnia, também procedentes de aldeias de Amambai, a 342 quilômetros de Campo Grande (MS), na fronteira com o Paraguai. Segundo o coordenador estadual do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Flávio Vicente Machado, os índios afirmam que não vão deixar a área e prometem resistir, apesar da ação recente de 40 pistoleiros, que teria resultado em uma morte e três sequestros.
A reportagem é de Paulo Yafusso e publicada pelo sítio do jornal O Globo, 20-11-2011.
Machado contou que o clima no local, alvo de conflitos entre fazendeiros e índios, voltou a ficar tenso no fim da tarde de sábado, quando, segundo relato dos índios, os dois ônibus que os transportavam para o acampamento foram interceptados por fazendeiros.
— Tentaram impedir que eles passassem. Houve uma escolta ostensiva dos ônibus. A intimidação só não se concretizou porque havia policiais na região, mas o risco de novos ataques ao acampamento indígena é iminente e real — afirmou Machado.
Áreas estão em processode demarcação
Durante o ataque ao acampamento, o cacique Nísio Gomes foi morto a tiros. E dois adolescentes e uma criança teriam sido sequestrados. Segundo o coordenador do Cimi, cerca de 200 índios estão no acampamento Guaviry, aguardando a localização do corpo do cacique, para que ele seja enterrado conforme a tradição dos guarani-caiuá.
Segundo Machado, os índios estão mobilizados para a retomada da área de onde foram expulsos no fim da década de 1970. O acampamento fica próximo a fazendas, que seriam áreas indígenas e estão em processo de demarcação.
— Desde o início da ocupação, eles sempre diziam que só saem de lá mortos. O Nísio dizia isso sempre.
Antes de morrer, segundo Egon Heck, do Cimi de Dourados, Nísio teria falado para o filho, Valmir Cabreira: "Não deixem esse lugar. Cuidem com coragem dessa terra. Essa terra é nossa".
Machado revelou ainda que, além da investigação para descobrir onde está o corpo do cacique, o paradeiro dos sequestrados e os autores do massacre, há uma outra questão que causa preocupação: a segurança dos índios que estão no acampamento. Para ele, esse trabalho deve ser feito por policiais de fora do Estado, preferencialmente, pela Força Nacional.
— Os policiais daqui também podem sofrer intimidações. Afinal, estão mexendo com o grande capital — afirmou o coordenador do Cimi no Mato Grosso do Sul.
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Índios cobram empenho nas buscas do corpo de cacique assassinado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU