08 Novembro 2011
O Vaticano ordenou uma visita apostólica à Arquidiocese de San Juan de Porto Rico com o objetivo de auditoria ampla e profunda, e que causou revolta nesse país. As autoridades da Santa Sé querem verificar a veracidade de algumas acusações contra o arcebispo Roberto González Nieves (foto), particularmente sobre suposta má gestão pastoral. Mas fiéis porto-riquenhos estão dispostos a defender seu pastor.
A reportagem é de Andrés Beltramo Alvarez e publicado pelo sítio Vatican Insider, 04-11-2011. A tradução é do Cepat.
A visita foi ordenada pela Congregação para o Clero da Sé Apostólica. O mesmo González Nieves informou que o visitador apostólico é o arcebispo de Guayaquil (Equador), Antonio Arregui Yarza. O prelado começou sua visita em 25 de Outubro, com uma série de entrevistas.
"A Arquidiocese está grata à Santa Sé e em particular à Congregação para o Clero, por sua atenta solicitude com esta Igreja local. Ao mesmo tempo, exorta a todos os católicos, o clero, religiosos e leigos, para acompanhar, com fervorosas orações a realização dessa visita apostólica. Uma vez que este é um processo interno da Igreja, este servo não fará manifestações adicionais sobre o assunto ", disse ele em nota.
Segundo a imprensa, as investigações foram iniciadas com o intuito de uma "intervenção política" contra o arcebispo González, cuja grande erro teria sido levantar um "altar da pátria" no qual tremula uma bandeira de Porto Rico. A questão não é menor, especialmente desde que a questão da soberania nacional divide a população em um país que, na prática, é um protetorado dos EUA.
A realidade, porém, é muito mais ampla. Segundo o sítio Vaticano Insider, a visita apostólica foi ordenada após uma série de denúncias de má administração, suposta má gestão pastoral que incluiria atos econômicos pouco claros, condutas improprias divulgadas no clero diocesano e alguns casos de abuso contra menores.
A situação é delicada, as acusações devem ser provadas por fatos ou desmentidas. Para isso se dedicará nos próximos dias, o visitante Arregui Yarza. Entrevistará, observará, ouvirá e irá escrever um relatório confidencial que será entregue no Vaticano, onde se decidirá que medidas tomar, se necessário.
O trabalho do auditor não será fácil. Seu centro de operação, a paróquia de Santa Teresita em Ocean Park, recebeu (nos últimos dias) os pedidos de dezenas de paroquianos que querem dar o seu testemunho, a maioria em apoio do Arcebispo de San Juan.
Além disso, González Nieves está disposto a se defender alegando, entre outras coisas, que os casos de abusos identificados na sua área foram reportados para o Vaticano na época e no seu momento e atenderam as prescrições do Direito Canônico.
Chama a atenção, entretanto, tanto em Roma como em San Juan, o interesse excessivo do núncio apostólico da República Dominicana e delegado apostólico em Porto Rico, Jozef Wesolowski, para que a visita se realizasse a todo custo.
Para o presidente da Conferência Episcopal de Porto Rico e Bispo de Caguas, Rubén Antonio González Medina, o relatório do visitador "ajudará para que se dê, se necessário, diretrizes a serem seguidas, esclarecendo os aspectos que assim o merecem”.
"Nossa Igreja Católica não tem medo de abrir espaços para o diálogo, onde num clima de sinceridade e abertura se possa à luz da nossa ação pastoral, refletir e avaliar, e até mesmo tomar decisões que são consideradas oportunas e que certamente fortalecerá a fé do nosso povo porto-riquenho ", disse ele.
Acrescentou ainda: "Nós cremos no Deus da vida que conduz a história e que em meio aos desafios que se apresentam, é liderada por pastores que falam com honestidade e clareza e que, acima de tudo, buscam a construção do reino de Deus, baseada na verdade, na justiça e na liberdade, cujo verdadeiro fruto é a paz”.
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Vaticano ordena visita apostólica à arquidiocese de Porto Rico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU