03 Novembro 2011
Queriam acabar com o capitalismo, mas a este passo vão acabar com a Igreja da Inglaterra. Os protestos dos indignados londrinenses, que já estão há mais de duas semanas acampados em frente à catedral de São Paulo, cobraram nesta segunda-feira sua segunda vítima com a dimensão do deão da catedral, o reverendo Graeme Knowles. Na quinta-feira da semana passada, o reitor da catedral, Giles Fraser, já havia pedido demissão.
A reportagem é de Walter Oppenheimer e está publicada no jornal espanhol El País, 01-11-2011. A tradução é do Cepat.
Fraser, que autorizou o acampamento dos manifestantes, pediu demissão porque não estava de acordo com aposição adotada pela Igreja a favor de forçar judicialmente o final do acampamento. Knowles, ao contrário, se retirou porque, segundo suas palavras, sua posição é insustentável após as críticas que despertou, à esquerda e à direita, a posição da Igreja nesta crise.
Demonstrando um apetite insaciável por deixar a todos contentes, seguindo a máxima de ficar bem com Deus e o Diabo, a hierarquia eclesiástica pode acabar ficando mal com todos. Primeiro aceitou a presença dos acampados na medida em que os protestos se faziam com bom humor. A polícia aceitou o pedido dos hierarcas de São Paulo de não dispersar os protestos com violência, embora tenha colocado certas condições, em especial que o acampamento não dificultasse a passagem dos pedestres.
Os acampados fizeram isso e muito mais: tiveram muito cuidado para recolher o lixo e evitar qualquer problema sanitário que pudesse ser utilizado como argumento pelas autoridades para forçar sua expulsão. Contudo, ao final de alguns dias, a hierarquia decidiu fechar a Catedral de São Paulo ao público pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial alegando as dificuldades que o público tinha para acessar o templo. Uma desculpa surpreendente porque não havia nenhum problema nesse sentido.
A medida provocou uma grande controvérsia e a Igreja voltou atrás na sua decisão pouco depois, apesar de que nada havia mudado sobre o terreno. O que mudou era a estratégia eclesiástica, que havia decidido unir forças com a Corporação da City de Londres [coração financeiro de Londres] para pedir o levantamento do acampamento pela via judicial. Uma alternativa que, no longo prazo, tem grande possibilidade de acabar em desalojamento violento, caso os acampados tentarem resistir à expulsão. A menos, é claro, que a justiça lhes dê razão e o campo se converta em um assentamento permanente. O reverendo Knowles e o bispo de Londres, Richard Chartres, se apresentaram no domingo aos manifestantes para lhes pedir que se retirassem com o argumento de que já haviam tido a oportunidade de divulgar sua mensagem de protesto, mas não foram capazes de responder à pergunta de se se oporiam publicamente a um desalojamento do acampamento pela força.
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Os indignados de Londres dividem a Igreja anglicana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU