29 Agosto 2011
Marchas pela reforma da Igreja anunciadas para todos os lugares em que Bento XVI estiver e uma missa oficiada por dois sacerdotes gays, casados no rito civil e suspensos a divinis em Berlim. Na vizinha Áustria, um contundente manifesto assinado por mais de 300 religiosos pelo sacerdócio às mulheres e por uma profunda renovação do catolicismo.
A reportagem é de Andrea Tarquini, publicada no jornal La Repubblica, 29-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Assim, em um clima de crescente revolta e protesto, a Alemanha e o mundo alemão se preparam para a visita pastoral do pontífice. E se é verdade o que o Spiegel Online escrevia ontem, as autoridades se inclinam por uma resposta dura: em Berlim, foi proibida a manifestação no Portão de Brandemburgo, e em Friburgo e em Erfurt as manifestações ainda não foram autorizadas. Nada de protestos visíveis contra o hóspede de Roma, em resumo: se essas notícias forem confirmadas, tira-se a força de uma escolha quase chinesa contra o descontentamento dos fiéis.
O papa visitará o seu país natal entre os dias 22 e 25 de setembro. Além da capital, ele vai visitar Friburgo, no sudoeste, a capital da Turíngia, Erfurt, e a cidade turingiana de Eichsfeld. O movimento crítico já conta com a adesão de 54 organizações e organiza os protestos. No dia 22 de setembro, quando Bento XVI falará no Bundestag, o Parlamento Federal, eles querem marchar no centro. Liderados por um falso "papamóvel", transportando um "antipapa" e uma "antipapisa".
"Temos receios acerca da segurança e da ordem pública", disseram as autoridades, de acordo com o Spiegel Online. O que não está claro é em que nível a decisão foi tomada. O prefeito-governador de Berlim, Klaus Wowereit (socialdemocrata, gay declarado e casado), manifestou "plena compreensão pelos cidadãos decididos a aproveitar a ocasião da visita para lembrar que a Igreja Católica defende teses ligadas ao milênio passado, e não ao presente". O próprio arcebispo de Friburgo, Robert Zoellitsch, observou que "vivemos em uma sociedade pluralista", razão pela qual a Igreja deve aceitar protestos, se pacíficos e civis.
A visita papal torna-se, assim, um novo momento de verificação e mobilização para o forte movimento crítico dos fiéis na Alemanha. Dos dois padres casados, Norbert Reicherts e Christoph Schmidt, vem um claro desafio: na véspera da chegada de Bento XVI, eles querem rezar missa e distribuir o sacramento da Comunhão a qualquer pessoa na igreja protestante de São Tomás, em Kreuzberg, o bairro multiétnico de Berlim.
Não menos intenso é o movimento na Áustria. A Iniciativa dos Párocos (Priesterinitiative) pede reformas de fundo da Igreja Católica em seu manifesto. Negando claramente a obediência ao papa, os signatários – incluindo o Pe. Helmut Schueller, ex-vigário-geral do arquiepiscopado de Viena e diretor da Cáritas – querem a ordenação de mulheres-sacerdote, a possibilidade de que fiéis leigos também preguem e celebrem missa, a readmissão à Eucaristia dos divorciados de segunda união, o retorno à Igreja dos sacerdotes cassados por terem uma companheira ou esposa e filhos com ela. O arcebispo de Viena, cardeal Schönborn, os ameaçou com a exclusão.
Mas o Papa Ratzinger enfrenta a rebelião mais profunda à sua doutrina e ao seu pontificado justamente de alemães e austríacos.
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Alemanha e a viagem de Bento XVI. Berlim proíbe protestos públicos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU