28 Mai 2011
"A maior entidade do futebol viveu inúmeras crises por corrupção. Nenhuma delas como a atual", escreve Juca Kfouri, jornalista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 29-05-2011.
Eis o artigo.
BLATTER X HAMMAM. A disputa entre esses dois homens não se restringe à presidência da Fifa. Eles, aliados há anos, agora lutam também para saber quem é o menos corrupto.
Sim, porque ao serem ambos investigados pelo Comitê de Ética da Fifa, composto, é claro, por cartolas quase todos do mesmo quilate deles, o que sair menos sujo das investigações sentar-se-á ao trono.
Joseph Blatter, o suíço que está vendo seu país querer botar para fora de suas fronteiras a entidade que preside desde que ele sucedeu o brasileiro, da mesma estirpe, João Havelange, tenta se livrar do concorrente qatariano Mohamed Bin Hammam, acusado de ter comprado votos para que o Qatar sediasse a Copa do Mundo de 2022, a 52º no verão.
Hammam, que desdobrou-se em oferecer mordomias para angariar votos, entre esses o do presidente da CBF, e ex-genro de Havelange, Ricado Teixeira, que anda mais que complicado com a Justiça suíça, rebate acusando Blatter, entre outras coisas, de saber de seus métodos e ter calado.
Não é edificante?
Menos mal que temos o nosso intrépido deputado federal pelo PC do B, ex-delegado da Polícia Federal, o ínclito "Proctógenes" Queiróz, indicado por Teixeira para fazer parte da Comissão de Segurança de Estádios, na Fifa. Quem sabe se ele, com seu faro de investigador, não extrapole de suas funções e, num golaço sem precedentes, prove que são todos farinhas do mesmo saco?
Brincadeiras à parte, o fato é que a Fifa jamais se viu imersa, poucas horas antes de suas eleições, em tamanho mar de lama, por mais que tais profundezas permeiem a história da entidade exatamente desde que, em 1974, Havelange derrotou o inglês sir Stanley Ford Rous - um ex-árbitro que presidiu a federação internacional por 13 anos de maneira discreta.
A sujeira é tanta que até a Adidas, velha parceira, dá sinais de preocupação.
E os indícios não são poucos. Basta, aliás, apelar ao senso comum para constatar que não pode ser normal um processo que resulta em apenas um voto, além do próprio, para a candidatura inglesa à Copa do Mundo de 2018.
No mundo ideal, de tudo isso, seriam anuladas as escolhas das sedes de 2018 e 2022, e tanto Blatter quanto Hammam seriam alijados das eleições.
Mas, também no mundo ideal, a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, não estaria nas mãos em que estão. Será que o Lula concorda?
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A Fifa na lama - Instituto Humanitas Unisinos - IHU