25 Março 2011
O Átrio dos Gentios começou nesta quinta-feira, às 15h, na sala XI da Unesco, em Paris. Depois do primeiro encontro de Bolonha, que debaixo da Torre Eiffel alguns definiram graciosamente como apéritif, o diálogo entre crentes e não crentes foi iniciado pelas saudações das autoridades ("a razão não consegue fundar a fraternidade", disse Getachew Engida, diretor-geral adjunto), mas também pelas palavras do cardeal Gianfranco Ravasi.
A reportagem é de Armando Torno, publicada no jornal Corriere della Sera, 25-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Utilizando um feliz toque de retórica, o purpurado escolheu uma parábola para o lançamento desse projeto destinado a alcançar todas as partes do mundo. Ravasi, além disso, citou Goethe, lembrou as frases do apóstolo Paulo para descrever Jesus no antigo átrio, utilizou Wittgenstein para falar da investigação e dos limites do nosso conhecimento.
Depois, sucederam-se os embaixadores do Marrocos, da República Tcheca, do Congo, assim como Giuliano Amato, protagonista de uma intervenção que faz pensar. Evidenciou o deslocamento das fronteiras do bom e do mal que está em curso, sublinhou que a democracia não é o reino do relativismo, mas está baseada em valores absolutos, convidou a uma aliança entre crentes e não crentes para novamente dar sentido aos fundamentos morais do viver.
Merece um aplauso, dentro outras, a intervenção de Fabrice Hadjadj, filósofo e escritor, que lembrou a necessidade de cada um de se elevar ao céu. Além disso, com um aprofundamento, comparou o mistério da Palavra à vontade de poder, convidando a buscar o homem não na eficiência, mas sim "na epifania do seu rosto".
Nesta sexta-feira, ao contrário, depois das credenciais políticas e diplomáticas, o Átrio dos Gentios teve uma jornada parisiense intensíssima. Às 9h, começou na Sorbonne, com personalidades como Jean-Luc Marion, Julia Kristeva e, dentre outros, o geneticista Axel Kahn; às 15h, passou para o Institut de France, onde os acadêmicos da França (chamam-se entre si de "imortais") prestaram homenagem à iniciativa: de Gabriel de Broglie a Jean Clair, de Claude Dagens a Jean-Claude Casanova.
Às 19h, ocorreu, no Collège des Bernardins, uma mesa redonda, em que Patrick de Carolis animou um confronto sobre o projeto global do Átrio. Depois, às 19h30, começou, diante da Notre-Dame, uma animação musical, que abriu espaço para uma projeção e, às 21h, a intervenção no grande telão do Papa Bento XVI. Estavam previstos 15 minutos para as palavras do pontífice. Depois, cantos gregorianos, vídeo, uma dança sobre o Cântico dos Cânticos e outras coisas. Até o silêncio da noite, acolhido na catedral pelas meditações dos Irmãos de Taizé.
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Por uma razão aberta ao sagrado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU