12 Fevereiro 2011
Wael Ghonim é uma das principais figuras por trás da onda de protestos contra o regime de Hosni Mubarak, no Egito. O ativista virtual foi um dos que iniciou as manifestações por meio de convocações divulgadas na internet. Ele chegou a ser preso e, depois de 12 dias de prisão foi liberado.
A reportagem é de Loay Mudhoon e publicada pelo sítio Deutsche Welle, 10-02-2011.
"Gostaria de dizer a todas as mães e pais que perderam seus filhos que sinto muito! Mas não foi culpa nossa. Foi culpa daqueles que exercem o poder e que se agarram a ele", disse Ghonim diante das câmeras, com imagens transmitidas pelo canal de televisão privado Dream-TV.
O blogueiro ativista voltou à cena na última segunda-feira (07/02) e, no dia seguinte, já discursava na praça Tahrir, no Cairo, epicentro do movimento de protesto contra o governo autoritário de Mubarak. Milhares de pessoas aplaudiram-no com entusiasmo.
A figura que faltava
Wael Gohim, aparentemente, reúne exatamente o que falta ao movimento até agora: uma figura com a qual a população se identifica e uma personalidade de liderança carismática – ou seja, ele deu um rosto à resistência.
Ele próprio sabe das expectativas que envolvem sua pessoa e reage com modéstia: Nós, no Egito, amamos heróis, mas eu não sou um herói! Dormi por 12 dias. Os heróis são pessoas jovens, que saíram às ruas e participaram das manifestações, sacrificaram suas vidas, apanharam e foram presas, que colocaram suas vidas em risco e se expuseram ao perigo."
No âmbito da política, Ghonim demonstra determinação e oposição estrita contra a qualquer tipo de negociação com o governo Mubarak. E encoraja os manifestantes a não desistir. "Este é o país de vocês", é sua mensagem aos jovens egípcios, quando aponta que os detentores do poder consideraram, por décadas, as riquezas do país como propriedade privada.
Vida online
Aos 30 anos, pai de dois filhos e ativista no Facebook, Ghonim também tem uma ligação profissional com a internet: ele trabalha como diretor de marketing da Google no Oriente Médio e no Norte da África. Ele só se engajou politicamente de forma mais intensa há um ano. Sob o pseudônimo Al-Schahid, palavra em árabe para "mártir", Ghonim foi um dos mentores dos protestos contra o governo egípcio por meio de convocações via internet.
A página do Facebook "Todos somos Khaled Said", criada por Wael Ghonim, teve um papel importante neste contexto. O nome foi inspirado no blogueiro que, em junho de 2010, foi espancado até a morte por agentes do serviço secreto em Alexandria. O ativista não poderia imaginar que sua página de campanha virtual poderia levar tantos militantes a favor da democracia a provocar tamanho movimento político.
Papel futuro
Ao que tudo indica, Wael Ghonim cresce em importância. Na última quarta-feira (09/02), ele apelou publicamente aos jovens manifestantes e aos partidos de oposição que entrassem em acordo no que diz respeito à política.
Numa nova página criada no Facebook, Ghonim foi eleito o "porta-voz" do movimento egípcio numa votação virtual – num período de 24 horas, mais de 150 mil usuários o escolheram.
O blogueiro já é, hoje, uma figura simbólica de peso: popular, com poder de empolgar multidões – sua aparição emocional na televisão fez com que ele ganhasse ainda mais simpatizantes. Só o tempo dirá se Ghonim poderá também liderar um movimento de massa complexo e se afirmar no jogo pelo político pelo poder.
Não há dúvida, no entanto, que o ativista já demonstrou determinação e vontade de brigar: "Decidimos agir. Queremos lutar pelo Egito, porque esse é a nossa terra", proclama.`
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Wael Ghonim, novo ícone da revolução egípcia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU