07 Abril 2022
Para 54% dos professores da educação superior privada e comunitária ouvidos em pesquisa realiza em março, suas condições físicas e mentais pioraram em relação a 2021.
A reportagem é de Valéria Ochôa, publicada por Extra Classe, 04-04-2022.
A pesquisa Realidade Docente 2022, realizada em março pela consultoria FlamingoEDU, revelou que para 54% dos professores da educação superior do ensino privado e comunitário gaúcho as suas condições física e mental pioraram ainda mais no primeiro semestre de 2022 em comparação a 2021, no auge da pandemia.
Os professores mencionaram ainda o sentimento de desvalorização profissional e a baixa motivação no trabalho.
O estudo foi encomendado pelos sindicatos de professores (Sinpro/RS, Sinpro/Noroeste e Sinpro/Caxias) e realizado entre os dias 18 e 25 de março, por meio de 18 questões objetivas e subjetivas respondidas por 857 professores da educação superior de todo o estado.
“As manifestações apresentam uma insatisfação relevante em vários tópicos que também podem ter um impacto significativo no bem-estar dos professores, como os 31% de redução da remuneração; os 27% de redução da carga horária; e, os 23% de aumento da carga de trabalho não remunerada”, destacam os pesquisadores Gunther Gehlen e Heitor Strogulski, da FlamingoEDU.
Para o Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS), os números da pesquisa confirmam a realidade empiricamente percebida e reiteradamente manifestada pelos professores ao Sindicato.
“Os níveis de insatisfação vigentes entre os professores são preocupantes porque são sensivelmente superiores aos registrados em outras empresas de mesmo porte das IES”, explica Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS. Trata-se claramente de um paradoxo considerando o perfil comunitário da maioria das instituições empregadoras.
Os pesquisadores destacam também outros pontos importantes citados pelos professores em relação a gestão das instituições de educação superior (IES) com os professores, como a falta de comunicação; a burocracia e os processos acadêmicos e administrativos mal definidos; a confusão com as modalidades de ensino presencial, híbrido e EAD; os problemas de relacionamento interpessoal entre gestores e professores; além da precariedade e a falta de manutenção dos laboratórios e recursos para o ensino.
Na pesquisa, percebe-se que apenas 17% dos professores ingressaram recentemente nas IES; 39% dos entrevistados tem entre 6 e 15 anos de vínculo e 41% mais de 16 anos, representando uma expressiva longevidade na carreira docente.
Apesar dos maiores ajustes de carga horária terem ocorrido em 2020, na maioria das IES esta tendência se manteve em 2021 e no primeiro semestre de 2022. Segundo os pesquisadores, a redução representa em média 5,20% das horas contratadas.
A média da carga horária semanal contratada no primeiro semestre de 2021 era de 27,40, no segundo semestre do mesmo ano reduziu para 26,71 e no primeiro semestre de 2022 foi para 25,58.
Poucos docentes, segundo a pesquisa, tiveram alterações contratuais, mas entre os que tiveram perdas estão os professores com contratos de 36 a 40 horas semanais (cerca de 15 horas a menos). Dentre os fatores, 34% por redução de turmas ofertadas, 20% por mudanças curriculares e 10% por ofertas de turmas em EAD.
“Quando analisamos o panorama geral dos números da amostra, identificamos que, apesar da atenuação da redução da carga horária, ainda temos uma queda significativa”, explicam os pesquisadores.
A atividade docente ainda se mostra como a principal renda para 71% dos entrevistados. Para 19%, trata-se de uma fonte complementar importante e para 7% já foi a principal fonte de renda, mas atualmente é complementar.
A sobrecarga de trabalho dos professores vinculada à sala de aula segue presente. E mais, de 2021 a 2022, para mais de 50% dos professores ouvidos, houve acúmulo de atividades e de funções sem o respectivo acréscimo na sua carga horária semanal remunerada.
A pesquisa identificou também que entre os poucos professores que produziram algum conteúdo para disciplinas EAD, 52% não receberam nenhuma remuneração pelo material.
Poucos docentes conseguem atuar em mais de uma IES neste momento, em função de alguns fatores como a pouca oferta de vagas no setor e a distância entre as instituições.
Segundo o estudo, apenas 21% dos professores atuam em mais de uma IES, 35% em EAD e 43% presencial.
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Pesquisa acende sinal de alerta na educação superior gaúcha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU