04 Novembro 2020
Triste realidade. Duplamente estuprada, pelo imbecil e pelos corruptos.
Juiz, promotor e advogado do acusado no caso do "estupro culposo", em Florianópolis, serão punidos, ou o corporativismo vai falar mais alto?
Todos eles, cada um no seu papel, tiveram um comportamento execrável.
Não esqueça que a punição de um juiz é aposentadoria com salário integral.
Infelizmente essa repercussão toda expondo o nome desse vexatório advogado não é boa. Ele já havia feito fama defendendo pessoas praticamente indefensáveis. Já foi advogado de gente como Olavo de Carvalho e Sara Winter. Infelizmente essa propaganda é boa para ele. Ele já tinha fama de ser um advogado que topa qualquer coisa. Cobra caro, mas entrega resultado. Todo mundo que estiver em situação semelhante vai querer contratar o cara. Triste. Quem tem esse tipo de conduta nem deveria poder advogar. Infelizmente no Brasil até advogado que embolsa dinheiro de cliente é difícil de punir.
Queriam um VAR da ejaculação?
Por Caos Filosófico
Tenho usado o conceito de circuito dos afetos, do filósofo Vladimir Safatle, para questionar e criticar as práticas judiciárias tradicionais, sabidamente ritualizadas demais, patriarcais demais, normativistas demais, procedimentais demais, burocráticas demais e, por tudo isso, também ingênuas demais.
Ingênuas na medida em que não são prescientes de que, por tais características, fomentam e lançam nesse circuito de afetos tudo que de pior há nesse terreno: medo, ódio, revanchismo, violência etc.
Quando experts em direito sobrepõem a análise da melhor técnica dogmático-penal em detrimento da cena dantesca de violência à vítima de estupro na audiência, essa feita às claras, em estado pleno de sobriedade de todos, com intenção (e omissão) factivelmente provada(s) e, o que é pior, com a chancela institucional do Estado-juiz; assistimos a mais um fracasso absoluto do direito e das práticas judiciários que supostamente chamamos de “justiça”.
Se nos rituais de dizer a justiça (juris-dição) a coisa funciona assim, imaginem o que rola quando a coisa acontece na zona gris das periferias, sem gravação pelo Zoom, com gente pobre, preta e marginalizada… E com agentes do Estado que não usam toga mas armas… Se não estivéssemos falando sobre como o Estado participa de modo reitor nessa dinâmica dos afetos sociais, talvez esse fosse um outro assunto…
O autoritarismo institucional de magistrados é uma das chagas que me fizeram adoecer e abandonar a advocacia. Lembro de um juiz estúpido de Joinville que insistiu que não desligaria o ar-condicionado que congelava a todas mulheres da sala (pois não vestiam terno) porque, em outras palavras, disse: “O ar-condicionado sou Eu!” Uma mistura terrificante e contemporânea de Luís XIV com um majestoso bebê de toga. Pensem nos efeitos afetivos e sociais de um cretino desses, diariamente, presidindo audiências e tratando pessoas como ratos de um laboratório privado no meio de um cenário que deveria ser público.
Não pensem que o teatro do advogadinho que não foi cerceado pelo juiz omisso do caso Mari Ferrer é incomum: qualquer advogado que atue terá vários casos para contar sobre o desrespeito de quem, na condição de funcionário público, usa do poder que tem como latrina por onde escoam seus dejetos podres de dominação e perversão.
Não me venham alegar falta de provas no processo e nem dizer que a porra do conceito de “estupro culposo não está escrito na sentença”. Primeiro porque a prova social e cultural da violência de gênero está nas imagens da gravação da audiência. Mas não é só. Queriam um VAR com três perspectivas e câmera lenta do momento da ejaculação ou a prova de que o sêmen do cara estava na vagina da vítima basta como prova? O próprio juiz reconheceu em sentença, via perícia, a conjunção carnal e a ruptura do hímen da vítima, que era virgem… Há imagens de ambos indo a um quarto retirado da casa noturna…Se isso basta – e deveria bastar – precisamos pensar como um sêmen humano desloca-se de um corpo a outro… A notícia que tenho para dar é que um sêmen só se ejeta depois que um pau fica duro… Aliás, duro é ter que fazer trocadilho com uma coisa tenebrosa dessas, mesmo assim, a única coisa que combina com ejaculação é polução, o resto é cretinice. A absolvição joga com a hipótese de um sexo literalmente dos sonhos, talvez dos sonos: de um homem que ficou de pau duro sem querer e de uma mulher que, embriagada e inconsciente, transou porque quis…
Para quem não é ou conhece a “área”, com a publicização do caso Mari Ferrer, tivemos mais uma prova de que esse direito que acontece todos os dias em fóruns e tribunais é uma verdadeira palhaçada circense.
A diferença é que nesse circo quase ninguém ri. Mesmo porque nada é engraçado. Trata-se de usar o timbre do Estado para propagar medo e potencializa-lo em nosso circuito de afetos. Antes de normativas e rituais judiciários com jeito e cheiro medievais, são os afetos que constituem o tecido e a coesão sociais.
É uma semana horrível, dentro de um ano péssimo, dentro de uma legislatura que tem um presidente que cogita que algumas mulheres mereçam ser estupradas. Essas coisas infelizmente não estão separadas entre si.
Paulo Ferrareza Filho é psicanalista em formação, professor de psicologia jurídica (UNIAVAN) e pós-doutorando em psicologia social (USP)
Tem dar nome aos violentadores:
• Nome do estuprador: André de Camargo Aranha
• Nome promotor que alegou estupro culposo: Thiago Carriço
• Nome do advogado que humilhou a vítima: Cláudio Gastão da Rosa Filho
• Nome do juiz: Rudson Marcos
Mari Ferrer foi e continua sendo violentada de diversas formas: pelo estuprador, pelo advogado do estuprador que a assediou na frente de todos e pela "justiça" com j minúsculo que inventou um crime pra livrar o estuprador branco e rico #justicapormariferrer
#EstuproCulposoNãoExiste
#CulturaDoEstupro
#Alteridade
#EquidadeDeGênero
#ElesPorElas
#ElesComElas
#Machismo
#MachistaEmTratamento
#ODS5
A vida está difícil pra você? Veja pelo lado positivo, seu nome não é Douglas Schwartz, diretor do instituto de pesquisas Quinnipiac. Senão, vejamos:
Última pesquisa Quinnipiac da Florida, véspera da eleição: Biden 47, Trump 42.
Resultado da eleição na Flórida, com 96% apurados: Trump 51,2%, Biden 47,7%.
Última pesquisa Quinnipiac de Ohio, véspera da eleição: Biden 47, Trump 43.
Resultado da eleição em Ohio, com 90% apurados: Trump 53,3%, Biden 45,2%.
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Não há nada decidido ainda, pelo menos não enquanto não se resolver a Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.
Mas já tem instituto de pesquisa devendo explicação.
As pessoas não votam num Bolsonaro ou num Trump apesar da destruição que promovem. Votam pela destruição. Votam na destruição. Podemos chamar a força que as move, dependendo da nossa chave hermenêutica, de pulsão de morte, de Mal, de ódio, de ressentimento, de revanchismo etc.
Uma adequada alfinetada do Claudemir Pereira à mediocridade político institucional reinante em Santa Maria.... Felizmente há sanidade mental, visão de mundo, valores democráticos e espírito público em alguns órgãos como o Conselho Federal de Economia!
Parabéns Irmã Lourdes Dill! Siga fazendo seu trabalho solidário "com muitas pessoas pequenas" contra o egoísmo cego de "poucos poderosos cegos"!
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