04 Novembro 2020
“O cenário catastrófico, de intensa devastação da natureza no Brasil é um ato contra a nação brasileira, um ato que atenta contra Deus porque destrói o equilíbrio da Criação Divina, sendo, portanto, insustentável”, afirma o Conselho Coordenador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) em “Pronunciamento em favor da Criação nos limites do nosso Brasil”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O documento clama por uma economia sustentável e pergunta: “Que dono de celeiro destrói o equilíbrio ambiental de ecossistemas que lhe mantém? Não é possível o Executivo Federal agir com tanta leniência diante das forças que destroem o patrimônio do povo brasileiro”. A Criação continua a gemer e “vemos, com vergonha, um processo de descuido com o nosso patrimônio ambiental, visível na convergência dramática entre o sofrimento dos povos e os danos feitos ao que resta da Criação”.
As causas subjacentes das ameaças à vida em larga escala, apontam os presbiterianos unidos, são, sobretudo, produto de um sistema econômico injusto defendido e protegido por poderes políticos e armados. E perguntam: “A quem serve uma economia que permite o roubo das reservas do povo na Amazônia brasileira ou do Pantanal, a destruição e queima que produzem uma chuva cinzenta e ácida, que alcança os estados do Sul e do Sudeste, mesmo as queimadas acontecendo no Centro Oeste e Norte do Brasil?”
A IPU denuncia que “a sordidez de uns poucos tem ofuscado a pujança de um país inteiro” e convoca, cristão e cristãs, à ação. O pronunciamento destaca pontos das “realidades repugnantes” contra a vida e a casa comum, dentre eles, a devastação da natureza, o desmantelamento de instituições criadas para a preservação do meio ambiente, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a negligência no enfrentamento das catástrofes ambientais.
A Floresta Amazônica teve um aumento de 49% de queimadas, comparado com a média histórica entre 2016 e 2019, menciona o documento. As queimadas no Pantanal consumiram um território equivalente ao Estado do Rio de Janeiro, com mais de 6,9 mil hectares incendiados. Mas o presidente da República afirmou, em 5 de junho, que o Brasil é o “país que mais preserva o meio ambiente do mundo”!
“Assim, evidencia-se aos olhos de toda a sociedade o escuso apoio do Governo Executivo Federal a interesses econômicos estranhos ao interesse público, e que, por iniciativas reprováveis, colocam em risco a vida humana nativa e a sobrevivência de ricos ecossistemas, Criação de Deus e patrimônio de nosso povo”, proclama a IPU.
Por isso, o Conselho Curador da IPU conclama cristãs e cristãos, e cada cidadão e cidadã, a se empenharem “na defesa da casa comum e das formas de vida que coabitam conosco e a desenvolverem atitudes concretas para a preservação da Criação Divina”.
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Brasil sob Bolsonaro apresenta “realidades repugnantes” contra a vida e a casa comum, afirma IPU - Instituto Humanitas Unisinos - IHU