02 Novembro 2020
O Padre Bartolomeu Sorge, jesuíta, faleceu esta manhã, 2 de novembro de 2020.
Caro pe. Bartolomeu,
Há alguns anos o senhor escreveu, citando o Papa Bento XVI: “Precisamos de homens que olhem diretamente para Deus, aprendendo a partir disso a verdadeira humanidade. Precisamos de homens cujo intelecto seja iluminado pela luz de Deus e a quem Deus abra os corações, para que seu intelecto possa falar ao intelecto dos outros e seu coração possa abrir o coração dos outros” (La traversata, p. 7).
Obrigado por nos ter testemunhado que isso é possível: contagiou com a sua alegria e a sua confiança aqueles com que se encontrava e fez com que respirassem a alegria do Evangelho. Obrigado por seu incansável empenho para trazer a Igreja para fora "dos muros do templo" por meio de seus escritos e das centenas de encontros em toda a Itália e em outros países. Obrigado por não ter guardado silêncio sobre o que você viu e ouviu (Atos 4,20), até o último dia.
A nota é publicada por Aggiornamenti Sociali, 02-11-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Nascido em Rio Marina (Ilha de Elba) em 25 de outubro de 1929, Sorge ingressou na Companhia de Jesus em 1946. Redator da Civiltà Cattolica desde 1966, dirigiu a revista de 1973 a 1985, atuando como membro do Conselho de Presidência, juntamente com Giuseppe Lazzati e D. Bartoletti, na organização da primeira grande conferência nacional da Igreja italiana, em 1976, sobre o tema "Evangelização e promoção humana".
Depois de uma intensa década como diretor do Instituto Arrupe de Palermo (onde está entre os protagonistas da chamada "primavera", florescimento de iniciativas cívicas e movimentos de oposição à máfia), em 1997 chegou a Milão para dirigir Aggiornamenti Sociali e, de 1999 a 2005, o mensal Popoli. O Padre Sorge também tem em sua bagagem numerosas publicações sobre a doutrina social da Igreja e o empenho dos cristãos na política.
Entre os numerosos temas abordados pelo jesuíta na revista, um dos mais recorrentes foi a reflexão sobre a evolução do catolicismo democrático, sobre o popularismo de Sturzo e, de forma mais geral, sobre a presença dos católicos italianos na política. Entre os vários artigos, recordamos o editorial de maio de 1999 intitulado Non è più tempo di “storici steccati”, a memória de Giuseppe Lazzati publicado em 2009, cem anos após seu nascimento e a contribuição sobre Perspectivas para uma “boa política". O Papa Francisco e as intuições de Sturzo, lançado em março de 2014.
Com o pontífice argentino, o padre Sorge está em grande sintonia (na foto na abertura de um encontro entre os dois, durante a audiência pelos 70 anos de Aggiornamenti Sociali), e o Papa Francisco em uma ocasião quis agradecer publicamente ao coirmão por sua contribuição para o pensamento social da Igreja. Entre os artigos de Aggiornamenti Sociali dedicados ao Papa está também aquele Sobre algumas críticas recentes ao Papa Francisco, assinado por Sorge em novembro de 2016.
O olhar do padre Sorge nos últimos anos não se limitou apenas aos acontecimentos italianos: é conhecida, por exemplo, sua admiração por Oscar Romero, que o jesuíta teve a oportunidade de encontrar durante a Conferência do episcopado latino-americano de Puebla, em 1979: aqui o editorial em que lembra o bispo salvadorenho morto no altar em 1980.
Como editor por 13 anos e colaborador da revista antes e depois desse cargo, o Padre Sorge foi sem dúvida uma das mais atentas testemunhas da vida de Aggiornamenti Sociali.
Depois de se aposentar há alguns anos em Gallarate, na mesma comunidade de jesuítas idosos em que viveu o cardeal Martini, o padre Sorge continuou a viajar pela Itália para conferências, a publicar novos livros e fazer ouvir sua voz no debate público até os últimos dias. Em abril de 2019, concedeu uma longa entrevista em áudio, que pode ser acessada aqui, em italiano, a Jörg Nies, um jesuíta alemão, contando alguns episódios de sua vida e compartilhando seu ponto de vista sobre questões políticas e eclesiais atuais que sempre acompanhou de perto.
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Adeus padre Bartolomeu Sorge! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU