25 Agosto 2020
"Pedimos aos órgãos competentes que façam valer a justiça, ou seja, punindo quem deve ser punido e dando segurança aos inocentes dessa região. Exigimos que os fatos sejam elucidados. Que os desaparecidos sejam encontrados e os mortos sejam sepultados. E que nossas famílias possam viver e conviver na normalidade", escrevem os bispos da Regional Norte 1 da CNBB, em nota.
“E nos dias de hoje, a Igreja não pode estar menos comprometida, chamada como está a escutar os clamores dos povos amazônicos, “para poder exercer com transparência seu papel profético” (ILSA, n.7). Querida Amazônia n.19
O Regional Norte 1 da CNBB, solidariza-se com a Prelazia Apostólica de Borba e acompanha de perto o conflito que atinge nosso povo no Rio Abacaxis e adjacentes. A situação é grave e ganhou conotação nacional. Logo, faz-se necessário unir as forças junto aos órgãos competentes.
Foto: CNBB
A vida humana é dom e tem um valor inviolável. A Igreja a defende sempre! Por esta razão, pela força do Evangelho e sabendo que nosso Deus é o Deus da vida, nos posicionamos a favor de todos os povos, mas de modo especial dos mais ameaçados. Somos defensores da vida e repudiamos todo e qualquer tipo de violência contra a vida humana.
Assinamos, juntamente com outras 50 organizações eclesiais, da sociedade civil e movimentos populares o documento intitulado: “Manifestação contra a violência da Polícia Militar no Rio Abacaxis e na Terra Indígena Kwatá-Laranjal, nos municípios de Nova Olinda do Norte e Borba”. Fazemos de suas afirmações e denúncias nosso próprio grito que são pertinentes e precisam ser averiguadas. Por este motivo, agradecemos todas as entidades as quais foram solidárias, apoiando e defendendo nosso povo, e reafirmamos a necessidade de que sejam tomadas as devidas providências exigidas pela Manifestação:
Localização de Nova Olinda do Norte, no Amazonas. (Foto: Wikipédia)
1. O cessar imediato de todo tipo de repressão e/ou violência que vem sendo cometido contra comunidades tradicionais, o Povo Indígena Maraguá e Povo Indígena Munduruku, que habitam os Rios Abacaxis e Rio Marimari, nos municípios de Nova Olinda do Norte e Borba.
Foto: Google Maps.
2. Que a Polícia Militar dê por finalizada a operação e retire-se da região.
3. Que se constitua uma comissão especializada do Conselho Nacional de Direitos Humanos para realizar uma visita nos Rios Abacaxis e Marimari, e elaborar um relatório sobre as violações de direitos fundamentais das comunidades tradicionais, Povo Maraguá e Povo Munduruku, que habitam nos Rios Abacaxis e Marimari.
4. Que a Polícia Federal, Ministério Público Federal, Defensoria Pública e Ministério Público do Estado do Amazonas realizem as investigações devidas para a apuração dos fatos, em uma missão independente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
5. Que se providencie o deslocamento imediato para a região de uma equipe do corpo de bombeiros para buscas da vítima desaparecida que pertence ao Povo Munduruku.
6. Que a Polícia Federal permaneça na região pelo menos durante sessenta (60) dias para resguardar a segurança e integridade física das comunidades e povos indígenas da região.
7. Que se realize uma audiência pública na aldeia Laguinho da Terra Indígena Coata-Larajal do Povo Indígena Munduruku, na qual todos os fatos possam ser relatados e denunciados com segurança.
8. Que haja a presença da Força Nacional, garantindo a segurança dos indígenas e comunitários, e a apuração dos crimes relatados, haja vista as denúncias de envolvimento da Polícia Militar do Estado do Amazonas nas mortes de ribeirinhos e indígenas.
9. Que sejam de imediato afastados dos seus respectivos cargos o Secretário responsável da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, o Comandante Geral da Polícia Militar presente no local e citado diretamente na prática de torturas; do Corregedor Geral do SSP, e Delegados também presentes na operação.
Deixem nossos indígenas em paz! Basta de violência e guerra por causa da ganância. Concedam o direito dos ribeirinhos de ir e vir.
A Truculência do mal isolou nossos povos lhes tirando o direito de comunicação, de alimentação e de água potável. Isso é grave!
Nós bispos, religiosos e religiosas, leigos, padres, missionários e missionárias através de nossas pastorais sociais, organismos como Comissão Pastoral da Terra - CPT e Conselho Indigenista Missionário - CIMI estamos tentando aliviar a situação, providenciando alimentação, água potável e outros meios de subsistência.
Pedimos aos órgãos competentes que façam valer a justiça, ou seja, punindo quem deve ser punido e dando segurança aos inocentes dessa região.
Exigimos que os fatos sejam elucidados. Que os desaparecidos sejam encontrados e os mortos sejam sepultados. E que nossas famílias possam viver e conviver na normalidade.
Em meio ao medo, a insegurança e falta de informação, lembremos o que diz o Papa Francisco: “Não deixemos que nos roubem a esperança!” (EG, n. 86).
Deus vos abençoe.
Dom Edson Tasquetto Damian
Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira e Presidente do Regional Norte 1
Dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus e Vice-Presidente do Regional Norte 1
Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva
Bispo da Prelazia de Borba e Secretário do Regional Norte 1
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Arcebispo da Arquidiocese de Manaus
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo da Diocese de Roraima e 2º Vice Presidente da CNBB
Dom José Albuquerque de Araújo
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manaus
Dom Sérgio Eduardo Castriani
Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Manaus
Dom Mário Pasqualotto
Bispo Auxiliar Emérito da Arquidiocese de Manaus
Dom Marcos Marian Piatek
Bispo da Diocese de Coari
Dom Gutemberg Freire Regis
Bispo Emérito da Diocese de Coari
Dom Adolfo Zon Pereira
Bispo da Diocese de Alto Solimões
Dom Giuliano Frigenni
Bispo da Diocese de Parintins
Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira
Bispo da Prelazia de Itacoatiara
Dom Fernando Barbosa dos Santos
Bispo da Prelazia de Tefé
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Amazonas. Bispos solidários com as comunidades tradicionais de Nova Olinda do Norte e Borba - Instituto Humanitas Unisinos - IHU