O “boomerang cismático” dos anti-Bergoglio: agora são eles os que se dividem

Foto: Paul Haring | Catholic News Service

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12 Mai 2020

Tanto trabalho para um cisma... que por fim estão por conseguir. Só que há um detalhe: dentro do seu próprio grupo conservador e anti-Bergoglio. Nesta semana deixou uma das imagens mais disparatadas do setor anti-Francisco, com acusações cruzadas que desvelam a falta de confiança entre eles, ao ponto que vazaram gravações de chamadas mútuas e se acusam de falhar com os compromissos assumidos. Um termômetro de como se desintegra o anti-Bergoglismo no momento em que o pontífice argentino marca a liderança mundial na luta contra o coronavírus.

A reportagem é de Hernán Reyes Alcaide, publicada por Religión Digital, 09-05-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

A história é complexa, porém mostra como vai se desintegrando a frente anti-Bergoglio. O cardeal guineense Robert Sarah, uma das referências do setor conservador contrário ao papa Francisco, negou ter assinado um texto de purpurados e jornalistas conservadores em que traçam teorias conspiratórias sobre o coronavírus e asseguram que as respostas à pandemia “são uma desculpa” para frear a liberdade de culto.

"Eu não assinei essa petição que parece estar ocupando muito as pessoas hoje. Eu deixo para a consciência daqueles que quiserem explorar por um sentido ou outro. Eu decidi não assinar esse texto. Assumo perfeitamente minha escolha. +RS"

Através da sua conta do twitter, Sarah assegurou que pode compartilhar “a título pessoal” alguns aspectos da carta titulada “Pela Igreja e pelo mundo”, porém que explicitamente pediu ao autor da missiva, o ultraconservador Carlo Maria Viganò, não aparecer como assinante.

Viganò, arcebispo italiano de 79 anos, saltou para a fama dentro dos setores conservadores em 2018, depois ter pedido a renúncia do papa Francisco alegando que o pontífice conhecia um caso de abusos nos Estados Unidos, ainda que não tenha levado provas à Justiça.

Depois de Sarah desmentir, o arcebispo italiano vazou para a imprensa gravações de suas conversas telefônicas e o acusou de faltar com a verdade.

Na carta publicada por Viganò, no site “Veritas Liberabit Vos” (a verdade vos libertará), os grupos conservadores asseguram que “a saúde pública não deve, nem pode, se tornar uma desculpa para infringir os direitos de milhões de pessoas em todo o mundo, e muito menos para privar a autoridade civil de seu dever de atuar com prudência em prol do bem comum”, segundo a transcrição que mostraram alguns sites da imprensa.

Na tarde de sexta-feira, a postagem original já não se encontrava disponível no site.

Sarah, Viganò, Müller, Zen...

Sarah, que em janeiro se envolveu em um escândalo ao incluir sem consentimento a assinatura do papa emérito Bento XVI em um livro com críticas a Francisco, insistiu nas redes sociais: “eu não assinei”. Outro a assinar a missiva é Gerhard Ludwig Müller, que Francisco removeu em 2018 como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por seu pouco interesse em investigar os casos de pedofilia dentro da Igreja.

Quem também aparece entre os purpurados que apoiam o texto de Viganò é Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, crítico semanal do acordo que, em setembro de 2018, assinaram China e o Vaticano para a designação conjunta de bispos.

Na carta, que também subscrevem jornalistas contrários ao Papa, como Aldo Maria Valli, os grupos conservadores exigem “uma autonomia absoluta nos assuntos de nossa jurisdição imediata, como as normas litúrgicas e as formas de administrar a Comunhão e os Sacramentos”.

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