Seminários devem contratar e envolver mais mulheres, afirma cardeal Ouellet

Legionários de Cristo no seminário Mater Ecclesiae. Foto: Legionários de Cristo

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27 Abril 2020

Para alguns padres e seminaristas, “a mulher representa o perigo, mas, na realidade, o verdadeiro perigo são os homens que não têm um relacionamento equilibrado com as mulheres”, disse o cardeal canadense Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos.

A reportagem é de Cindy Wooden, publicada em Catholic News Service, 26-04-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O cardeal foi entrevistado sobre o papel da mulher nos seminários e na formação dos seminaristas, para a edição de maio do caderno feminino ao jornal vaticano. A entrevista foi publicada no dia 24 de abril pelo Vatican News.

Questionado sobre se a falta de mulheres envolvidas nos programas de formação sacerdotal é responsável pelo desconforto que as mulheres e os padres podem experimentar na companhia um do outro, o cardeal disse: “O problema provavelmente é mais profundo” do que isso e começa com o modo como as mulheres são tratadas na própria família.

“Há um desconforto porque há medo... Mais da parte do homem em relação à mulher do que da mulher em relação ao homem”, disse ele.

“Devemos mudar radicalmente” o modo como os padres interagem com as mulheres, disse o cardeal, e é por isso que, “durante a formação, é importante que haja contato, debate, trocas” com as mulheres.

Ter mulheres nas equipes de formação dos seminários como professoras e conselheiras, disse ele, também “ajuda um candidato a interagir com as mulheres de modo natural e também a enfrentar o desafio representado pela presença da mulher, a atração pela mulher”.

Isolar futuros padres das mulheres nunca é uma boa ideia, disse ele, e não é uma boa preparação para o seu ingresso no ministério.

Questionado sobre se ele concordava com a ideia de que, se as mulheres tivessem sido envolvidas na formação dos seminários há muito tempo, isso poderia ter ajudado a evitar o escândalo dos abusos sexuais, o cardeal disse que “certamente há uma parte de verdade nisso, porque o homem é um ser afetivo. Se for ausente a interação entre os sexos, existe o risco de desenvolver compensações”, que podem se “expressar no exercício do poder ou em relacionamentos fechados, um fechamento que se torna manipulação, controle… e que pode desembocar nos abusos de consciência e nos abusos sexuais”.

“Eu acho que, para o padre, aprender a se relacionar com a mulher no ambiente de formação é um fator humanizante, que favorece o equilíbrio da personalidade e da afetividade do homem”, disse o cardeal.

Embora Ouellet tenha dito que acha melhor para os seminaristas ter um padre como seu diretor espiritual, ele disse que os seminários ainda não fizeram o suficiente para envolver as mulheres no processo de formação, especialmente para ajudar a avaliar os candidatos ao sacerdócio, a sua maturidade e a sua “identidade psicossocial e psicossexual”.

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