Um especialista em clima fala no sínodo. Previsões certas: padres casados ​​e mulheres ministras

Papa Francisco com os povos da Amazônia durante a consagração do Sínodo para a Amazônia | Foto: Vatican News

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22 Outubro 2019

Há duas notícias vindas da conferência de imprensa realizada em 21 de outubro no Vaticano sobre o Sínodo da Amazônia.

O comentário é de Sandro Magister, publicada por Settimo Cielo, 21-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

A primeira é que a única intervenção no plenário do dia, após a apresentação feita pelo cardeal Cláudio Hummes do rascunho do documento final e da recitação da terceira hora, foi a de um famoso cientista climático, o alemão Hans Joachim Schellnhuber.

Schellnhuber não é católico e nem sequer é crente, mas é um dos favoritos do Papa Francisco, que em 2015 o nomeou membro ordinário da pontifícia academia de ciências e o quis entre os apresentadores oficiais da encíclica Laudato si'.

Suas teses catastróficas - consideradas inconsistentes por outros grandes especialistas do clima, como o professor Franco Prodi na Itália - são bem ilustradas na intervenção que ele realizou naquela ocasião, acompanhada de gráficos e reproduzida na íntegra no boletim da sala de imprensa do Vaticano.

Pois bem, entre os "convidados especiais" do sínodo sobre a Amazônia, juntamente com o ex-secretário da ONU Ban Ki-moon e o eco-economista malthusiano Jeffrey D. Sachs, o Papa Francisco quis justamente Schellnhuber.

Ao qual - e somente a ele - foi dado no plenário o microfone em um momento crucial. Imediatamente após a entrega aos padres sinodais do rascunho do documento final e imediatamente antes de serem divididos nos doze círculos linguísticos para discuti-lo e propor emendas. Mais uma vez, como se a defesa da natureza fosse a razão de ser da Igreja na Amazônia e no mundo.

A segunda notícia é a confirmação do que já era intuída, mas nunca declarada explicitamente. Uma confirmação com toda a autoridade, dada na conferência de imprensa pelo cardeal Christoph Schönborn.

Schönborn foi pessoalmente incluído pelo Papa Francisco na comissão encarregada de redigir o documento final do sínodo.

Mas declarou que não coube a ele nem aos outros membros da comissão eleitos pela assembleia ou por nomeação pontifícia o ônus de escrever o rascunho do documento.

A eles simplesmente cabe dar a apresentação final. Porque a escrever o texto básico - disse Schönborn – já havia tomado providência o cardeal Cláudio Hummes "com seus colaboradores", entre os quais certamente deve ser incluído o cardeal jesuíta Michael Czerny, secretário especial do Sínodo.

De fato, Hummes é realmente o "alter ego" do Papa Francisco, neste sínodo sobre a Amazônia. Na fase preparatória, foi o "deus ex machina" e agora, durante o Sínodo, concentrou em si o duplo papel de relator geral e presidente da comissão para a elaboração do documento final.

E qual era desde o início o objetivo real de toda essa operação? O de inovar sobre os dois primeiros "temas nodais" que o cardeal jesuíta Carlo Maria Martini havia proposto abordar em uma série de sínodos concatenados, em seu memorável discurso no sínodo de 1999: "A falta de ministros ordenados, o papel das mulheres na sociedade e na igreja... ". (O terceiro tema da lista de Martini, "a disciplina do casamento", como sabemos, já foi abordado e resolvido à sua maneira por Francisco com a exortação Amoris laetitia na sequência dos dois sínodos sobre a família).

Pois bem, como já no parágrafo 129 do Instrumentum laboris, que é o documento base do sínodo sobre a Amazônia, mesmo em sua apresentação introdutória da assembleia, Hummes apontou diretamente para a meta, defendendo tanto "a ordenação sacerdotal de homens casados", como a confirmação de" um ministério adequado para as mulheres dirigentes de comunidade", primeira etapa de um desenvolvimento futuro que, para alguns membros deste sínodo, deveria chegar no diaconato e no sacerdócio feminino.

Eis como Hummes se expressou textualmente em ambos os pontos:

"Outra questão é a falta de padres a serviço das comunidades locais no território, com a consequente falta da Eucaristia, pelo menos dominical, e de outros sacramentos. Também faltam padres encarregados, isso significa uma pastoral feita por visitas esporádicas, em vez de uma adequada pastoral com presença cotidiana. Bem, a Igreja vive da Eucaristia e a Eucaristia constrói a Igreja (São João Paulo II). A participação na celebração da Eucaristia, pelo menos aos domingos, é fundamental para o desenvolvimento progressivo e pleno das comunidades cristãs e para a verdadeira experiência da Palavra de Deus na vida das pessoas. Será necessário definir novos caminhos para o futuro. Na fase de escuta, as comunidades indígenas pediram que, mesmo confirmando o grande valor do carisma do celibato na Igreja, diante da necessidade urgente da maioria das comunidades católicas da Amazônia, abra-se o caminho para a ordenação sacerdotal de homens casados residentes na comunidade. Ao mesmo tempo, diante do grande número de mulheres que hoje dirigem as comunidades da Amazônia, seja reconhecido esse serviço e sejam feitos esforços para consolidá-lo com um ministério adequado para mulheres dirigentes de comunidades".

No documento final, pode-se considerar como certo que ambos os pontos serão retomados e votados, registrando algumas dezenas de opiniões contrárias já afloradas nos "Relatórios" dos grupos linguísticos, mas não o suficiente para eliminá-los.

Depois disso, o documento - como a regulamentação deseja - será oferecido ao Papa, deixando a ele estabelecer o que será feito, em uma exortação pós-sinodal que sairá nos primeiros meses do próximo ano, mas que nos dois pontos-chave já está substancialmente escrita.

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