11 Outubro 2019
"Este Sínodo Amazônico está levando a voz do Povo da Terra ao centro e coração da Igreja".
Enviamos ao papa Francisco toda a nossa gratidão, confiança e alegria. Como associação de fé de Leigos Inacianos de todo o mundo, nós membros da Comunidade de Vida Cristã (CVX) queremos expressar nossa enorme alegria pela celebração do Sínodo Amazônico.
A carta da Comunidade de Vida Cristã (CVX) foi publicada em 10-10-2019. A tradução é de Wagner Fernadnes de Azevedo.
Sabemos que não é algo que compete somente aquela querida região, mas sim que nos envolve a todos, pois a Amazônia afeta a todo o planeta. É uma mensagem universal que, Ad Majorem Dei Gloriam, se realiza em cada um de nossos lares, bairros e países. Ainda que a dor que causam as distintas resistências nos afeta, a alegria da Igreja Amazônica nos transborda. Sentimos que toda a Igreja universal está sendo transformada pela ação do Espírito Santo nesse processo sinodal.
Ao redor do mundo percebemos como a imensa maioria da Humanidade sente uma profunda alegria pelo Sínodo Amazônico. Existe uma maioria cristã silenciosa que não deve ter voz na Igreja. Ainda que as vezes se escute sobretudo quem é maior orador, a Igreja silenciosa está formada por bilhões de pessoas. Obrigado, também, querido papa Francisco, por ouvir e ser a sua Voz. A Ecologia Integral nos faz escutar a Voz da Terra e a Voz do Povo da Terra. Obrigado porque este Sínodo Amazônico está levando a Voz do Povo da Terra ao centro e coração da Igreja.
A sinodalidade “acontece no coração cada vez mais plural de todas nossas cidades e comunidades”.
Talvez o mais importante que ocorreu nesses anos é, precisamente, que grande parte da Humanidade escutou uma voz que o fez olhar para Jesus e seguir por seu caminho. Acreditar em Jesus quando diz “Eu sou o Caminho” nos faz sinodais. Confiamos que a sinodalidade faz a Igreja se aprofundar para o cuidado do caminho de Jesus, o tornado mais aberto, inclusivo, acolhedor e audaz.
Sabemos das dificuldades do caminho sinodal. As estruturas piramidais, a tentação de agradar os poderosos, o risco de seguirmos e servirmos a nós mesmos, deixar o povo – especialmente os pobres, fracos e sofredores – na sarjeta, o clericalismo, etc. Obrigado porque o Sínodo Amazônico nos faz mais Povo caminhante de Deus e não deixa ninguém na sarjeta, nem para trás.
A Laudato Si’ e o Sínodo Amazônico nos fez sentir profundamente a urgência de que tudo seja no Padre, cuidar os dons que nos deu e multiplica-los para que tudo se cumpra. Assumimos plenamente a moção de cuidar de nossa Casa Comum, “patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos”. Queimar e destruir a Terra é nos gastar como o Filho Pródigo, sua herança no mal viver. Obrigado, Santidade pela mensagem profética da Ecologia Integral.
Dentro de 50 anos todo o mundo verá tão natural a Doutrina da Ecologia Integral, como agora vemos natural que a Igreja se comprometa com a questão social e o bem-estar dos trabalhadores no século XIX. Estamos experimentando que a Ecologia Integral está no centro da mensagem profética do Espírito Santo neste século XXI.
Também sentimos o forte ruído das mensagens do poder. Não se reduz a luta política, mas sim que quer domar a Igreja para que a sirva. Ameaçam e caluniam sempre os mesmos poderosos desde os mesmos lugares. Querem, como dizia Inácio de Loyola, levar a Deus ao seu. Obrigado, Santidade, por não permitir que se use a Igreja para os interesses poderosos. A única ruptura com Cristo seria nos separar dos pobres e da Terra.
Estamos comprometidos muito especialmente na conversão ecológica das pessoas e das instituições. Sabemos da importância de oferecer ao agente experiências de encontro e discernimento nesse campo vital para a Humanidade. A Ecologia Integral é sanar o fundamento de todas nossas relações. Assim sentimos e assim nos alegramos de que o Sínodo Amazônico nos faça aprofundar mais nisso.
A uma comunidade mundial tão extensa e diversa como a CVX, a mensagem da inculturação nos chegou profundamente, a pluralidade das pessoas e suas culturas. Essa mensagem do Sínodo Amazônico não é somente para a diversidade de etnias do território pan-amazônico, mas sim que acontece no coração cada vez mais plural de todas nossas cidades e comunidades.
O mundo é como a Praça de Pentecostes: cheia de gente em toda sua diversidade de crenças e modos de vida. O Espírito Santo nos impulsiona a sair para compartilhar Deus com as Linguagens do Coração. Acreditamos que essa é a mensagem do Sínodo Amazônico.
É outra grande chamada que sentimos nos trabalhos prévios do Sínodo: conhecer Jesus com a povo em suas linguagens de vida, escutando como o Espírito Santo criou nessas culturas durante os séculos... a CVX em todas as regiões e etnias em que está presente, queremos renovar nossos compromissos com a inculturação do Evangelho e o caminho da Encarnação. Reafirmamos nesse tempo, nossa decisão de haver discernido e escolhido a Ecologia como uma das quatro fronteiras para nossa ação. A Ecologia Integral forma parte inseparável do buscar a Deus em todas as coisas. Este Sínodo é um presente para nós que nos anima a seguir aprofundando, compartilhando e saindo a “dar testemunho dos valores humanos e evangélicos na Igreja e na sociedade que afetam (...) a integridade da criação” (Princípio Geral Nº 4 da CVX).
Muitíssimo obrigado, sua Santidade, a você, aos Pais e Mães Sinodais e a todas as pessoas que estão fazendo possível a celebração do Sínodo. Nos sentimos plenamente em comunhão com todos e temos toda a confiança em que nos impulsarão a construir com mais audácia e alegria do Reino de DEUS. Também queremos nos comprometer em pedir a Deus cada dia pelo Sínodo e por você: pela saúde, por suas reformas e, sobretudo, por sua alegria.
Agradecidos, estamos disponíveis para tudo, cada um e todos os leigos membros da CVX, incluindo nós que servimos na Comissão Executiva Mundial:
Denis Dobbelstein, Ann Marie Brennan, Catherine Waiyaki, Fernando Vidal, Daphne Ho, Diego Pereira, Najat Sayegh, Alwin Macalalad, Rojean Macalalad e Manuel Martínez
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Leigos inacianos de todo o mundo apoiam ao Papa por escutar aos que “não têm voz na Igreja” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU