04 Outubro 2019
Chegaram em bloco de um mosteiro beneditino do Cantão de São Gallo, na Suíça, e se apresentaram à Imprensa Estrangeira usando um vistosa capa laranja e preta, sobre o hábito escuro de freira. A mais nova tem 50 anos e a mais velha, a irmã Petra tem 86, todas com a mesma vontade de fazer valer a voz das mulheres na Igreja. "Queremos que as mulheres no sínodo tenham direito a voto", explica a irmã Petra com um sorriso.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggeiro, 02-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O protesto do primeiro mosteiro do mundo que faz uma greve para chegar a Roma para se manifestar na Praça de São Pedro, na véspera do Sínodo na Amazônia, é um unicum que nos faz entender como a questão feminina esteja avançando inclusive no fechado e masculino ambiente eclesial, onde às mulheres até agora sempre coube um papel gregário, subordinado e nunca efetivamente paritário.
A irmã Petra imediatamente esclarece qualquer possível mal-entendido. “Não queremos o sacerdócio. Mas queremos poder contar mais em todos os níveis, ser ouvidas não como um incômodo, mas ter uma opinião respeitada. Também gostaríamos de ter a possibilidade de realizar algumas funções atualmente proibidas para nós”. Como batizar, por exemplo, ou acompanhar os mortos ou dar a comunhão.
Na véspera do sínodo sobre a Amazônia, que será aberto no domingo, as mulheres da Igreja voltam a se manifestar. No sínodo anterior, há dois anos, dedicado aos jovens, haviam reiterado os mesmos pedidos, mas não tiveram respostas. Por isso, enviaram uma carta ao cardeal Baldisseri (responsável pelos Sínodos), mas ele nem mesmo "se dignou a nos responder", acrescenta Susanne Flisowska, da organização internacional Voices of Faith, salientando que é preciso o direito de voto para as mulheres membros no próximo sínodo dos bispos sobre a Amazônia.
“As superioras religiosas que participam dele têm o mesmo status canônico dos coirmãos superiores, mas não têm direito de voto. A maioria dos 185 membros votantes vem da região amazônica e nenhum é mulher. Entre os 80 membros sem direito a voto, 33 mulheres participam como consultoras, vinte são religiosas. Dez das religiosas fazem parte da UISG, a União Internacional das Superioras Gerais. Como pode essa estrutura da igreja patriarcal ainda ser justificada no século XXI?”
A mãe abadessa irmã Irene Gassmann, do Mosteiro de Fahr, informa que durante o sínodo anterior havia realizado uma peregrinação com suas coirmãs, mas encontrou todas as portas fechadas no Vaticano. A irmã Simone Campbell, fundadora da Rede "Nuns on the Bus" reclama "de um status quo que fortalece o clericalismo".
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Todas as irmãs de um mosteiro em Roma para protesto, queremos votar no Sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU