13 Setembro 2019
Durante a visita papal à África, a Igreja do mundo inteiro foi convidada a ver como é uma “Igreja pobre e para os pobres”.
Publicamos aqui o editorial da revista America, 11-09-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Ao longo da última semana, em Moçambique, Madagascar e Ilhas Maurício, o papa Francisco celebrou missas com quase 1,5 milhão de pessoas no total. A maioria das pessoas nessas missas eram pobres, e, em Madagascar, muitas pessoas passaram a noite dormindo ao relento, no campo onde a missa ia ser celebrada, a fim de estarem presentes.
Durante essa visita papal à África, a Igreja universal foi convidada a ver como é uma “Igreja pobre e para os pobres”. Um exemplo impressionante foi Akamasoa, um projeto cooperativo nos arredores da capital de Madagascar, através do qual a população local construiu mais de 3.000 casas de alvenaria, junto com escolas e clínicas, naquele que antes era um depósito de lixo. Em suas observações ali, Francisco descreveu Akamasoa como “uma expressão da presença de Deus no meio de seu povo que é pobre”.
Foi isso que aconteceu in loco na África. Mas, para grande parte da Igreja no restante do mundo, isso foi ofuscado por aquilo que aconteceu no avião. No voo para a África, o papa Francisco se descreveu como “honrado” por alguns ataques contra ele, durante uma conversa informal com um jornalista francês que escreveu um livro sobre a oposição estadunidense a Francisco.
Na coletiva de imprensa no voo de volta a Roma, questionado se esses ataques poderiam levar a um cisma, Francisco disse: “Sempre existe a opção cismática na Igreja”, mas isso provém de “uma separação elitista, provocada pela ideologia separada da doutrina”, e da separação em relação à “fé do povo de Deus”.
Essas palavras no avião geraram manchetes impressionantes e levaram a inúmeros argumentos sobre como Francisco tem respondido àqueles que o criticaram e o atacaram. Mas, apesar da atenção às vezes obsessiva dada ao facciosismo eclesial e às suas lutas internas, in loco, entre o povo de Deus, algo muito mais esperançoso estava acontecendo.
O Evangelho foi pregado, e a boa notícia foi anunciada para aqueles que são pobres. Mantenhamos a nossa atenção aí.
Leia mais
- Cisma? “A ideologia da primazia de uma moral asséptica sobre a moral do povo de Deus”, denuncia o Papa Francisco em entrevista coletiva
- Viagem papal multitudinária e histórica à África, sem eco midiático na Espanha
- O Papa Francisco na África mostra uma Igreja que não faz discursos solenes, mas que salva vidas
- O Papa se recusa a ficar em um “hotel caro” em Moçambique
- “A pobreza não é uma fatalidade!” A mensagem do Papa Francisco aos jovens de Madagascar
- O Papa aos padres de Madagascar: “Benditos sejam, Igreja dos pobres”
- Moçambique. Papa Francisco encontra os seus coirmãos jesuítas
- Situação preocupante e inédita: nenhuma publicação latino-americana com o papa na África
- “O Papa Francisco está convencido da importância da África”. Entrevista com Andrea Riccardi
- África: os dramas do continente amaldiçoado pela sua riqueza. Entrevista especial com Alex Zanotelli
- “Os africanos devem se livrar do desejo da Europa”. Artigo de Achille Mbembe
- Francisco visitará três países africanos, todos em tensão política
- Madagascar: um cardeal para um país que sofre
- Difundem-se novas formas de racismo e xenofobia, denuncia o papa Francisco
- O Papa: corrupção, xenofobia e racismo, vergonha da política
- Papa condena a xenofobia, e diz que migração é um “sinal dos tempos”
- Xenofobia, Racismo e Nacionalismo Populista no contexto das Migrações Globais e Refugiados
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Após viagem papal à África, o foco deve estar em uma ''Igreja pobre e para os pobres'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU