Venezuela. “Não é possível a transição política com Maduro ocupando o poder”, afirma reitor da Universidade Católica Andrés Bello

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07 Mai 2019

“Não é possível a transição política na Venezuela com Maduro ocupando o poder”. Foi assim, de forma contundente, que se manifestou o reitor da Universidade Católica Andrés Bello (UCAB), José Virtuoso, padre jesuíta, durante um encontro com jornalistas na Universidade Pontifícia Comillas.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 06-05-2019. A tradução é do Cepat.

“É uma condição sine qua non”, ressaltou Virtuoso, que reivindicou o diálogo e acordo possível entre os diferentes atores no poder. “A Venezuela é vítima de uma tragédia, que se visualiza em diferentes ordens”, relatou o jesuíta, que denunciou como “avançamos para uma deterioração nas condições de vida da população venezuelana”.

“Estamos diante de um adversário que quer se manter no poder a todo custo”, ressaltou, apontando que “mais da metade das famílias venezuelanas estão em situação de pobreza”. O sistema de saúde “entrou em colapso”, e mais de três milhões de venezuelanos decidiram fugir para o estrangeiro.

A democracia entrou em colapso

“Vivemos em um país onde a democracia entrou em colapso, o estado de direito entrou em colapso, as violações de direitos humanos continuam... Vivemos uma crise sistemática dos direitos humanos”, denunciou o padre Virtuoso, que, não obstante, valorizou como “contamos com cidadãos profundamente mobilizados, que não se resignam, nem permanecem submissos”.

“Somos testemunhas de um povo que decide se levantar, reivindicar e construir seu futuro em meio a situações muito adversas”, insistiu. “Um povo ativo em busca de soluções e construção do futuro, que não perdeu a esperança”.

Fracasso da intentona de 30 de abril

A Universidade se posiciona a favor do presidente Guaidó, embora, conforme reconhece, “não podemos falar de êxito da intentona de sublevação militar realizada no dia 30 de abril”. No entanto, “ainda que não teve o êxito esperado, contribuiu para que esse descontentamento militar se tornasse mais público. Essa tentativa, ainda que não tenha conseguido seu objetivo fundamental, manifestou que o descontentamento no interior do regime é profundo e complexo. Está gerando profundas divisões, não somente com os cidadãos, mas inclusive em suas próprias fileiras e dentro do setor militar”.

É possível uma saída dialogada? “A aposta da Igreja católica na Venezuela, da Companhia de Jesus e da universidade é a busca por uma solução política pacífica, não violenta. Nenhum povo ganha com a guerra e a crispação”, apontou Virtuoso.

“O povo venezuelano quer encontrar uma saída pacífica para esta situação”, destacou, mesmo que “a permanência do regime no poder acabe sendo criminosa para a nação. Por isso, a volta à democracia é fundamental”. No entanto, “o regime se nega a fazer isso. Agarra-se ao poder, busca se consolidar em seus espaços de poder. É preciso pressionar e, por outro lado, é preciso ir construindo os processos políticos”.

Francisco versus bispos?

Qual é a atitude de Francisco diante da crise venezuelana? “Nós, católicos, na Venezuela, temos claro que há uma campanha interessada em provocar um embate entre o Papa e a Conferência Episcopal. E isso não é verdade. Existe um apoio muito direto do Papa aos bispos. E há um acordo de cada um atuar em seu canal”, sustentou, de forma categórica.

“O Papa apoia esse protagonismo e promoveu o caminho do diálogo. O problema é que o Governo não quer agir, ou quer fazer isso mantendo o status quo. Para o Papa, foi algo muito doloroso, porque se encontrou uma dificuldade atroz”.

Para o reitor da UCAB, “Francisco está profundamente comprometido com os bispos venezuelanos, que são os que dirigem a luta (a partir da igreja)”.

A Universidade Pontifícia Comillas e a Universidade Católica Andrés Bello também organizarão, na quinta-feira, 9 de maio, às 18h, em Comillas ICAI (Alberto Aguilera 25), o ato “Entre ‘Ucabistas’ e amigos da UCAB”. Será um encontro entre o reitor da universidade venezuelana e egressos da universidade que vivem na Espanha, com a presença do reitor da Universidade Pontifícia Comillas, o jesuíta Julio L. Martínez, Gustavo García Chacón, vice-reitor administrativo da UCAB, Juan Carlos Escotet, presidente do Abanca, e representantes da Rede de Centros Universitários da Companhia de Jesus na Espanha (UNIJES).

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