28 Março 2019
Francisco, ao responder ao jornalista espanhol do canal espanhol LaSexta, afirmou: “Para que se faz isso? Para que se afoguem”.
A reportagem é de Nello Scavo, publicada em Avvenire, 27-03-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Manter o navio parado é uma injustiça. Para que se faz isso? Para que se afoguem.” Foi assim que o Papa Francisco respondeu ao jornalista espanhol Jordi Évole quando perguntado se sabia que, “no porto de Barcelona, o navio da Open Arms estava parado”.
Évole se encontrou com o Papa Francisco na última sexta-feira, 22 de março, em Roma. Durante a conversa que durou mais de uma hora, o papa não hesitou sobre nenhuma das perguntas feitas pelo jornalista do canal LaSexta, como os casos de abuso sexual cometidos por religiosos, o papel das mulheres na Igreja, a memória histórica, a desigualdade ou imigração e refugiados. A entrevista exclusiva vai ao ar na íntegra no domingo, 31 de março, no canal espanhol LaSexta.
É preciso lembrar que, em janeiro, a Capitania dos Portos de Barcelona havia negado aos três navios da ONG Proactiva Open Arms a permissão para deixar o porto catalão para chegar ao Mediterrâneo Central e continuar a atividade de busca e socorro às vidas dos náufragos que chegavam da Líbia.
Um procedimento que parecia contraditório: mesmo querendo garantir a segurança das pessoas salvas e das tripulações, acabou impedindo o resgate de outras vidas no mar, deixando uma das fronteiras mais letais do mundo (com mais de 17 mil mortos nos últimos cinco anos, segundo as estimativas mais confiáveis do ACNUR e da OIM), o Mediterrâneo Central, desprovido de navios de socorro.
Só o navio Alan Kurdi, da ONG alemã SeaEye, neste momento, é o único barco que voltou ao mar e às patrulhas no Mediterrâneo Central, nos arredores de Sabrata.
Neste momento, todos os outros navios das ONGs estão parados nos portos, embora não havendo procedimentos judiciais contra eles, mas por causa de problemas burocráticos. Além da Open Arms (que tem três navios), está parado o navio Aquarius, da SOS Mediterranée, na França.
O navio foi originalmente objeto de investigação pela Procuradoria de Catânia (Itália), mas, depois, a ordem de apreensão nunca foi notificada, enquanto a investigação em Catânia se dirige rumo ao arquivamento.
Em Malta, ainda sob pretextos administrativos, está parado o Lifeline, da ONG homônima. Em janeiro passado, em sinal de solidariedade aos voluntários forçados a permanecer no porto, o arcebispo maltês Scicluna embarcou no navio.
Depois, foram parados por inquéritos judiciais, sem que nunca tenha havido ou iniciado qualquer processo, o navio da ONG alemã Jugend Rettet, em Trapani, e o Mare Jonio, em Lampedusa, à espera de que a Procuradoria de Agrigento decida se prorrogará a apreensão probatória ou permitirá que a tripulação do Mediterranea volte ao mar.
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"Querem que os refugiados morram afogados". Papa denuncia a injustiça de bloquear os navios da ONG Open Arms - Instituto Humanitas Unisinos - IHU