22 Agosto 2018
Prenderam também outras cinco pessoas acusadas de terrorismo e tumulto.
A informação é publicada por Religión Digital, 21-08-2018. A tradução é de Graziela Wolfart.
A prisão de um assessor jurídico da Conferência Episcopal da Nicarágua e de outros cinco suspeitos de cometer atos terroristas marcou ontem a nova jornada de crise que atravessa o país centro-americano desde o último mês de abril e que já deixou centenas de mortos.
O assessor jurídico do Episcopado, Carlos Cárdenas, foi retirado à força de sua casa, nos subúrbios de Managua, por um suposto grupo de paramilitares, denunciou sua esposa, Lisette Galeano.
O advogado estava em sua casa junto com sua esposa e sua filha de 10 anos de idade, quando um grupo de encapuzados o obrigou a ir com eles, sob a ameaça de matar a menina caso se negasse, contou Galeano.
A Conferência Episcopal atua como mediadora no diálogo nacional - que permanece suspenso desde o mês de junho - para superar a crise entre o Governo do presidente Daniel Ortega e a Aliança Cívica pela Justiça e a Democracia.
O presidente Ortega qualificou os bispos de "golpistas" e cúmplices das forças internas e dos grupos internacionais que, em sua opinião, atuam na Nicarágua para derrubá-lo.
No dia 7 de junho, a Conferência Episcopal propôs a Ortega que adiantasse para março de 2019 as eleições previstas para 2021 e que renunciasse à candidatura para reeleição, mas o presidente recusou e defendeu que a proposta mostrava que os bispos estavam "comprometidos com os golpistas", segundo afirmou no dia 19 de julho.
Em meados de julho, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório Regional para a América Central do Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) alertaram que membros da Igreja católica estavam sofrendo ataques por sua mediação no diálogo e por proteger a integridade física dos manifestantes contra o Governo.
Por sua vez, a Polícia Nacional informou sobre a prisão de cinco nicaraguenses suspeitos de cometer atos de terrorismo no âmbito dos protestos contra o Governo.
O segundo chefe da Direção de Auxílio Judicial da Polícia Nacional da Nicarágua, Farle Roa, afirmou através de meios oficiais que essas cinco pessoas supostamente pertenciam a dois bandos que atuavam nos departamentos de Masaya (sudeste) e Chontales (centro).
Segundo o chefe de polícia, os presos, cujo objetivo era promover pânico e tumulto, usavam como pretexto a organização de supostas marchas pacíficas convocadas pela Aliança Cívica.
Os crimes nos quais haviam incorrido, e pelos quais serão apresentados diante do Ministério Público, são conspiração para o terrorismo, e porte ou custódia de arma de fogo e munições, indicou.
Enquanto isso, a vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, advertiu os opositores para não abusar da paciência do povo.
"Exigimos justiça. Que paguem por seus crimes. Porque são 198 irmãos nicaraguenses que não estão mais aqui e eles os mataram. Que paguem por seus crimes e que parem já de abusar da paciência do povo", clamou a também primeira dama em uma mensagem através de meios oficiais, em alusão aos opositores.
Já a Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (UNAN-Managua), a maior do país, abriu suas portas, com restrições, depois de 4 meses de "paralisia" por causa da crise.
Desde o último dia 18 de abril, a Nicarágua está submersa em uma crise sociopolítica que tem causado, segundo diferentes organizações pró-direitos humanos, entre 317 e 448 mortos, mesmo que o Governo enumere as vítimas fatais em 198, o que se converte na era mais sangrenta do país desde a década de 80.,
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Nicarágua. Paramilitares sequestram assessor jurídico dos bispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU