30 Abril 2018
Psyc 157 é o nome em código de um curso na Universidade de Yale (New Haven) nos Estados Unidos. Vale a pena guardá-lo na memória porque Psyc 157 pode se tornar o curso mais popular da história desta prestigiosa universidade senão de todas as universidades norte-americanas.
O comentário é de Sebastian Maffettone, publicada por Il Messaggero, 26-04-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
O título do curso em questão é Psychology and the Good Life (Psicologia e boa vida) e, até agora, matricularam-se nele cerca de 1.500 alunos, ou seja, mais de um quarto dos alunos de graduação. O tema principal do curso oscila entre a psicologia e a ética, e a professora que o ministra é Laurie Santos, uma psicóloga e diretora de um colégio interno em Yale, que visa com dois encontros semanais ajudar os alunos a viver uma vida mais feliz. Existe neste propósito, sem dúvida, algo de ingenuamente e tradicionalmente norte-americano, que se assemelha aos manuais para se tornar ricos e famosos. Mas há também algo profundamente desconstrutivo dos costumes nacionais e locais. Na verdade, a professora Santos argumenta que os alunos devem aprender a procrastinar menos as recompensas e aumentar as relações sociais, essencialmente, devem trabalhar menos e divertir-se mais. E isso também porque nos últimos anos do ensino médio tiveram que sacrificar o seu bem-estar cotidiano e os pequenos prazeres da existência, a fim de serem admitidos em Yale.
Não é difícil pinçar nessas teses mensagens contrárias à ética protestante do trabalho e à clássica conexão estadunidense entre mérito e sucesso. Mas a mensagem em questão também vai contra os costumes de College, como o Yale, que em matéria de empenho sempre preferiram o acelerador e jamais o freio. Por outro lado, vamos pensar por um momento. Enviar um estudante para a Universidade de Yale custa às famílias mais de US $ 100.000 por ano, entre mensalidades e manutenção. Você mandaria seu filho para lá, sabendo que o seu principal objetivo seria o de relaxar e sair com os colegas? Tal questão exige mais reflexão para tentar entender por que cursos como o Psyc 157 existem e são tão bem sucedidos. Vamos partir do óbvio, que os garotos precisam de terapias especiais anti-stress. Talvez, exista algo a mais por trás desta busca anômala pela felicidade. Talvez, por trás exista uma crise de ideais de um país inteiro, senão mesmo do Ocidente. Os Estados Unidos, em outras palavras, já não acreditam mais no mito da felicidade como consequência do trabalho, porque o próprio sucesso torna-se cada vez mais raro e difícil e, portanto, - a começar por uma catedral de saber como Yale – começam a serem trilhados caminhos secundários nunca antes admissíveis. A própria Universidade começa a perceber que o elevador social está cada vez mais travado, e já não pode garantir às famílias, com acontecia no passado, que os melhores alunos se tornarão CEOs de grandes empresas. Como resultado, corre aos reparos pregando a alegria de viver.
Há algo de novo no conteúdo de Psyc 157, mas também algo de antigo. Afinal de contas, já o sábio Zen disse certa vez quando lhe perguntaram conselhos sobre o que fazer: o grande Buda só cochila no dia da primavera. Meditar, diz o sábio Zen, é muito bom, e todos nós deveríamos aprender que a vida não é apenas uma corrida para uma meta externa pré-fixada, mas também um percurso em que mostramos a nós mesmos e aos outros quem somos e o vazio do sucesso material. A ironia da história faz assim com que a antiga sabedoria oriental seja reapresentada de forma simplificada em um templo da cultura ocidental. Enquanto um curso como Psyc 157 não será facilmente encontrado em Pequim ou Singapura, onde os ricos locais enviam seus filhos para Yale para aprender com os norte-americanos os segredos da ética protestante a serem aplicados aos negócios de família.
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O curso sobre a felicidade que destrona o mito USA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU