26 Março 2018
A relação entre Francisco e Bento, a renúncia de monsenhor Viganò e as reformas do Vaticano. Uma conversa com o presidente do Conselho Pontifício para a Cultura.
A reportagem é de Flavia Giacobbe Porpora, publicada por Formiche, 24-03-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
O conceito-chave que mais interessa ao Cardeal Gianfranco Ravasi é que se prossiga no caminho meticulosamente empreendido pelo Papa Francisco. Independente da confusão midiática ligada à carta apenas parcialmente divulgada de Bento XVI (e que levou à recente renúncia de monsenhor Viganò), é importante, de acordo com o presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, que o caminho traçado pelo Papa seja percorrido até ao fim. Um obstáculo, quase fisiológica, sugere o Cardeal: "Os percalços de percurso (como os de Viganò, ndr) - explica Ravasi a Formiche.net - que ocorrem dentro de um caminho de reformas complexo, como aquelas que estão sendo realizadas dentro do Vaticano, são implacáveis. Acima de tudo - continua o cardeal - tendo trazido de volta à pauta a questão econômica e a questão da comunicação, inevitavelmente acabam surgindo dificuldades". Implementar reformas nunca é fácil, nem seu resultado é dado como certo (como bem sabemos nós italianos). Assim, a prova da economia e das comunicações são duas passagens espinhosas que nos lembram que, por vezes, mudar modelos é algo complexo e um prenúncio de pontos de questionamento.
Muitas pessoas perguntam se o episódio da carta, lida apenas parcialmente e ligada ao pedido feito por Viganò ao papa emérito para que assinasse o prefácio da série de 11 volumes intitulados "A Teologia do Papa Francisco", publicado pela Libreria Editrice Vaticana, (pedido, como já sabemos agora, que foi recusado por várias razões por Bento), poderia ter marcado um rompimento entre os dois papas, cuja relação sempre tem sido, de acordo com os respectivos grupos de apoio, afetuosa, sincera e direcionada à colaboração para o bem da Igreja. "Justamente porque eu conheço ambos os papas, Ratzinger e Bergoglio, e ouvindo como o Papa Bento fala de Francisco, eu não consigo entrever uma tensão entre eles - assegurou o Cardeal Ravasi para Formiche.net - os recentes episódios concretos são fisiológico, não vejo nada com que se preocupar".
O Papa Francisco vira a página e se prepara para nomear um novo prefeito da Secretaria de Comunicações, após o revés de Monsenhor Dario Edoardo Viganò (enquanto isso a gestão passou para Monsenhor Lucio Adrian Ruiz). "Eu acho que vai ser bastante tranquila a substituição que será feita pelo Papa Francisco, a fim de prosseguir com a obra de reforma da Cúria - explicou Ravasi – inclusive porque, como foi assinalado na própria carta do Papa, Viganò permanece como assessor, o que significa que ainda ocupa uma função pelo menos de suporte básico". O "sacrifício" do Prefeito é visto pelo Cardeal como uma atitude funcional para o importante objetivo a ser alcançado. "Eu acredito que monsenhor Viganò - assegurou o cardeal – tenha considerado, naquela situação específica que havia sido criada, demitir-se para dar continuidade à operação, porque pode ser claramente percebido, na carta do papa, que há um último trajeto a ser percorrido, já que as etapas anteriores já foram efetivamente cumpridas por Viganò".
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O que acontece entre Francisco, Bento e Viganò, as palavras de Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU