14 Novembro 2017
“O seu modo de usar os símbolos e os sinais é único hoje no panorama mundial. Nesse sentido, Francisco é realmente o último narrador presente em uma sociedade que perdeu completamente o significado da narração.”
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 13-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Assim afirma o sociólogo Franco Garelli, autor recente dos livros Educazione [Educação] e Piccoli atei crescono. Davvero una generazione senza Dio [Pequenos ateus crescem. Verdadeiramente uma geração sem Deus], ambos editados pela Il Mulino.
Em que sentido Francisco é o último narrador?
Antigamente, havia os presidentes estadunidenses que narravam o papel de liderança dos Estados Unidos no mundo. Agora, nem eles existem mais. O Papa Francisco, por sua vez, gosta de narrar usando justamente os símbolos, a sua visão das coisas, a atenção à criação, aos últimos, às minúcias e, narrando, comunica, consegue chegar e despertar interesse.
Para alguns, desse modo, o papa estaria se exibindo. O que você acha?
Não é assim. Ao contrário, ele age como ele é, ou seja, ele vive desse modo aí. O seu “boa noite”, por exemplo, pronunciado na noite da eleição ao sólio de Pedro, ou os sapatos pretos, a maleta carregada no avião fazem parte do seu modo de ser. Em setembro, eu participei de um seminário no Vaticano. Hospedei-me em Santa Marta. Pude ver o papa se mover quando não é observado. Ele vai cumprimentar aqueles que estão na recepção, faz muitos gestos sem que ninguém o veja. É claro, a adoção dos símbolos também tem um valor pedagógico, mas que, nele, é natural.
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''Francisco é o único que ainda faz política com os símbolos.'' Entrevista com Franco Garelli - Instituto Humanitas Unisinos - IHU