03 Novembro 2017
Para fazer crescer o Reino de Deus é necessário lançar sementes cristãs. Para conseguir isso, os fiéis necessitam de coragem, não uma "pastoral de conservação" que busca apenas segurança. O Papa Francisco disse isso na missa celebrada na Casa de Santa Marta na manhã de 31 de outubro de 2017. O Pontífice chama a atenção: "Cuidado com aqueles que pregam o Reino de Deus" sem "sujar as mãos".
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada por Vatican Insider, 31-10-2017. A tradução é de André Langer.
Jorge Mario Bergoglio – de acordo com a Rádio Vaticano – tomou como base para a homilia a passagem do Evangelho do dia, de São Lucas, em que Cristo compara o Reino de Deus com uma semente de mostarda e com o fermento: o Bispo de Roma observa que ambos os elementos são pequenos, sim, mas "eles têm uma força interna" que faz crescer. E assim é o Reino de Deus: sua força vem de dentro.
São Paulo, na Carta aos Romanos, proposta na Primeira Leitura do dia, demonstra as tensões da vida: são dores, angústias e sofrimentos que, no entanto, "não são comparáveis à glória que nos espera". Enfrenta-se continuamente uma "tensão entre sofrimento e glória". E nas tensões da existência há "uma ardente expectativa" por uma "revelação grandiosa do Reino de Deus".
É também uma expectativa de Criação, que não pode fugir da caducidade, assim "como nós", e se estende "para a revelação dos filhos de Deus". Esta é a força interior e que "nos leva com esperança para a plenitude do Reino de Deus"; é a energia do Espírito Santo.
E é "a esperança que nos dá a plenitude" – explicou –, "a esperança de sair da nossa prisão, das nossas limitações, da nossa escravidão, da corrupção e alcançar a glória. O caminho para a plenitude é um caminho de esperança, e a esperança é um dom do Espírito. É precisamente o Espírito Santo que, dentro de nós, nos proporciona algo grandioso: a libertação, a grande alegria. E é por isso que o Filho de Deus afirma: "De dentro de uma semente de mostarda, desse pequeno grão, surge uma força que gera um crescimento inimaginável".
O Papa Bergoglio enfatiza: "Dentro de nós e na criação há uma força, está o Espírito Santo", que "nos dá a esperança".
O Papa ilustra o significado de viver com esperança: permitir que "essas forças do Espírito nos ajudem a crescer" em direção à plenitude que espera cada ser humano na glória eterna. Mas, assim como o fermento deve ser misturado à massa e a semente de mostarda lançada à terra, porque, do contrário, essa força permanece fechada e não se expande, assim é para o Reino de Deus, que cresce "de dentro" e "não por proselitismo", adverte o Pontífice.
O Reino do Senhor "cresce de dentro, com a força do Espírito Santo. E a Igreja sempre teve a coragem de pegar e lançar, de tomar e misturar, também teve medo de fazê-lo. E muitas vezes vemos que se prefere uma pastoral de conservação em vez de deixar crescer o Reino de Deus. Para que o Reino cresça, necessita-se de coragem, a coragem de deixar o grão crescer e de misturar o fermento".
Francisco reconhece que, se a semente é plantada, e se o fermento é misturado, "eu sujo as mãos" porque "sempre há alguma perda quando se semeia no Reino de Deus". Mas, "cuidado com aqueles que pregam o Reino de Deus com a intenção de não sujar as mãos", exclama. Essas pessoas "são guardiões de museus: elas preferem coisas bonitas em vez do gesto de semear e misturar para que a força cresça". É a mensagem de "Jesus e de Paulo: essa tensão que vai da escravidão do pecado à plenitude da glória". E "a esperança é aquela que segue em frente, a esperança não decepciona. Às vezes, a esperança pode parecer pequena, como também parece pequeno o grão do qual nasce uma grande árvore ou o fermento que faz a massa crescer. É a virtude mais humilde", mas onde há esperança, está o Espírito Santo, que sempre conduz para o Reino de Deus.
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O Papa: não à "pastoral de conservação" de "guardiões de museus" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU