24 Agosto 2017
As investigações da Operação Lava-Jato espalharam-se pelas entranhas da América Latina e estão estremecendo a relação entre presidentes de países como a Venezuela, Equador e Colômbia. A cada dia, há novos capítulos de uma história que parece estar longe do final.
Os escândalos de corrupção atingiram em cheio o vice-presidente do Equador, Jorge Glas, que foi afastado por um decreto do atual líder do país, Lenín Moreno, no início do mês. Entre outras razões, a principal é a suspeita de que Glas tenha recebido propina da Odebrecht para favorecer a empreiteira brasileira.
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O mesmo tema fez com que o ex-presidente Rafael Corrêa desistisse de concorrer à reeleição, no começo do ano. Mas o movimento de Moreno para se desvincular dos maiores escândalos de corrupção da última década irritou seu antecessor. Correa reforçou a tese de uma nova frente política sem perder a oportunidade de lançar insultos contra quem foi seu vice-presidente por seis anos. Na vizinha Colômbia, o amparo dado para a ex-procuradora-geral venezuelana Luisa Ortega irritou o governo da Venezuela. Luisa ficou marcada por se afastar do chavismo e criticar o governo Nicolás Maduro, por isso acabou deposta pela Assembleia Constituinte.
Na semana passada, Luisa gravou um áudio em que diz que o governo está preocupado, pois tem detalhes do esquema de corrupção em toda a América Latina.
“Eles estão muito preocupados e angustiados, sabem que temos informações e detalhes de todas as operações, montantes e pessoas que se enriqueceram e que essa investigação envolve o senhor Maduro e aqueles perto dele", disse no áudio.
Nesta quarta-feira, ela está no Brasil para participar de uma reunião com o procurador-geral da república Rodrigo Janot, além de procuradores do Mercosul. Depois, retorna a Bogotá, segundo informou o Itamaraty. Em Brasília, ela confirmou que há relação entre corrupção da Odebrecht e o governo Maduro.
Antes de romper com o governo, Luisa foi procuradora da era Chaves. Após ser destituída, ela atribuiu a "perseguição sistemática" do governo a si e aos funcionários do Ministério Público à investigação do escândalo de pagamento de propina da construtora Odebrecht. Maduro afirmou que a ex-procuradora-geral entrou para a lista vermelha do país, e que pedirá à Interpol a sua prisão.
Depois do Brasil, a Venezuela é o país que mais recebeu propina da Odebrecht. A construtora teria distribuído na Venezuela cerca de US$ 98 milhões (cerca de R$ 308 milhões) em propina, entre 2006 e 2015, para funcionários do governo venezuelano a fim de garantir contratos de obras públicas.
Em uma breve mas contundente declaração, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse no Twitter que “a procuradora Luisa Ortega se encontra sob a proteção do Governo colombiano. Se ela pedir asilo, lhe daremos”, escreveu Santos no início da semana.
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Terremoto Odebrecht continua a balançar as estruturas políticas na América Latina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU