09 Mai 2017
Sob o teto curvo de madeira da Bethany Baptist Church, em Nova Jersey, líderes religiosos comprometeram-se a ficar do lado das pessoas almejadas pela atual agenda da Casa Branca e a construir um muro de resistência às políticas do presidente Donald Trump.
A reportagem é de Karen Yi, publicada por Religion News Service, 05-05-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“Sob o nosso olhar ninguém irá precisar lutar sozinho”, disse o pastor Timothy Jones em 4 de maio. “Hoje mais do que nunca é o momento das pessoas de todos os credos se unirem numa luta conjunta em favor das comunidades”.
A “Faith in New Jersey”, uma coalizão para a promoção da justiça social, convocou imãs, pastores e rabinos para a agirem em meio a mudanças na lei de imigração e no sistema de saúde do país.
“Não podemos ficar de braços cruzados, não podemos ficar assistindo as coisas acontecerem”, disse o Rev. John Mennell diante de mais de 150 membros do clero enquanto Trump fazia a sua primeira visita presidencial ao longo do Rio Hudson antes de se dirigir para o seu clube de golfe na cidade de Bedminster.
O cardeal-arcebispo de Newark, Joseph Tobin, também falou no encontro inter-religioso, lembrando uma cena pungente tirada de um romance sobre o fascismo italiano.
“O que mantém os déspotas, os ditadores despertos à noite, o que derruba os impérios do mal é aquela simples pessoa que vai para a praça no centro da cidade na escuridão da noite e rabisca sobre o muro: ‘Não’, e eu quero dizer a vocês: Nós somos o ‘Não’ que Deus rabisca sobre o muro”, disse Tobin. “Somos o ‘não’ a um país sem coração, que deporta pessoas separando-as dos familiares e entes queridos apenas porque são vítimas de um sistema falido”.
Catalino Guerrero, imigrante indocumentado de Union City, encontrou-se com funcionários da imigração na sexta-feira. Ele tem uma ordem de deportação, mas a comunidade vem lutando para mantê-lo nos EUA.
Tobin e o senador americano Robert Menendez (Democrata de Nova Jersey) estão ajudando na defesa de Catalino Guerrero, pai que vem enfrentando a deportação no começo deste ano.
Menendez falou assim que chegou de Washington, DC.
“Realmente, temos crenças diferentes (...) mas têm muito mais coisas que nos unem do que nos dividem”, declarou após protestar contra a aprovação, na quinta-feira, de uma legislação “cruel” na Câmara dos Representantes que visou revogar o Obamacare.
Membros do clero pressionaram aos demais realizarem ações no sentido de ajudar as pessoas indocumentadas e em outros temas, tais como as mudanças climáticas, o sistema de justiça criminal e a violência armada – citando a religião como uma base para a solidariedade.
“A batalha travamos é a mesma para as pessoas sem documentos e para a comunidade negra, os pobres, os que precisam de assistência à saúde em nosso país”, declarou Dom Dwayne Royster, diretor politico da organização PICO National Network. “Estamos travando as mesmas batalhas com as mesmas pessoas”.
Guerrero e outros imigrantes indocumentados que enfrentam a deportação também estiveram presentes na quinta-feira enquanto membros do clero comprometiam-se em permanecer do seu lado.
Estes também demonstraram apoio a Carimer Andujar, aluna defensora dos imigrantes indocumentados da Rutgers University que fora convocada recentemente pelas autoridades imigratórias e teme a deportação.
“Os cristãos acreditam que a fé sem obras é morta, mas a nossa fé não é uma promessa distante”, contou Tobin ao jornal NJ Advance Media. “Tem a ver com reconhecer entre nós os que precisam de ajuda e apoiá-los”.
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“Nós somos o não”, diz o Cardeal Tobin entre líderes religiosos que prometem apoio a imigrantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU