28 Março 2017
O ambientalista, jornalista e ex-diretor da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi participou nesta quinta-feira (24) do Programa Miriam Leitão, na GloboNews, e comentou a situação do mercado da carne no Brasil após a repercussão da Operação Carne Fraca deflagrada pela Polícia Federal e os problemas de inspeção e rastreamento existentes na cadeia agropecuária.
A reportagem foi publicada por Amazônia.org, 26-03-2017.
A apresentadora Miriam Leitão utilizou dados já apresentados pela organização em 2013, com a divulgação do Radiografia da Carne, que apontava os problemas nos diferentes tipos de inspeção agropecuário existente no país e as diferentes regras de fiscalização no território brasileiro. Smeraldi também afirmou que “há um problema de sistema na fiscalização, que é um problema que apontamos em 2013, que diz respeito inclusive aos diferentes tipos de fiscalização: federal, estadual e municipal”.
O Presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos, Péricles Salazar, também entrevistado, amenizou os problemas divulgados pela operação da Polícia Federal. Segundo ele as denuncias são “pontuais” e ressaltou que atos ilícitos são encontrados em todos os lugares. “Os fiscais em sua grande maioria atendem todos os requisitos que são definidos nas regras do Ministério da Agricultura, o que aconteceu foi absolutamente pontual”.
Smeraldi por sua vez ressaltou que há um conjunto de problemas que mostram a necessidade de atualizar o sistema de fiscalização e “independente dos casos específicos”, precisam ser enfrentados com uma atualização, já que o atual “foi feito para outro Brasil, um Brasil que não era nem exportador de carne, um país que tinha um padrão sanitário que hoje não se cogita”.
Ao apontar que a maior parte da produção de carne é consumida pelo mercado interno, Miriam Leitão questionou quais garantias o consumidor nacional teria da qualidade do produto. Salazar afirmou que o sistema não é falho, voltou a informar que se trata de problemas pontuais e atacou a divulgação da operação ressaltando o erro de que ácido ascórbico, uma substância fonte de vitamina C, foi dada como cancerígena pela polícia.
Smeraldi defendeu uma reforma no sistema de controle da cadeia produtiva da carne, e uma etapa importante para que isso aconteça seria o controle dos indiretos: “que é o fornecedor do fornecedor. Hoje, o que está funcionando é o controle sobre a compra direta. Se você Miriam, desmatou na sua fazenda eu não compro da sua fazenda, eu controlo isso. Agora se comprou da fazenda do Péricles, um bezerro, que depois você engordou, dai eu não estou sabendo. Está faltando esse elo que é a origem.”, exemplificou.
“Rastreabilidade é a transparência na cadeia”, afirma o ambientalista. Para ele essa poderia ser uma solução sanitária, ambiental e econômica para a cadeia da carne no país.
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Ex-diretor da Amigos da Terra discute o impacto da operação Carne Fraca no mercado nacional - Instituto Humanitas Unisinos - IHU