14 Fevereiro 2017
Catorze bispos anglicanos retirados criticaram a atitude da Igreja anglicana em relação aos homossexuais, alegando que a instituição não está ouvindo as vozes desse setor da população.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 13-02-2017. A tradução é de André Langer.
Os bispos reagiram dessa maneira ao recente relatório do Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra, em que seus autores pedem “um novo tom e uma nova cultura de apoio e acolhida” dos gays e lésbicas, mas se descarta o casamento entre homossexuais.
Em uma carta aberta os outrora bispos de Oxford, Leicester e Newcastle, entre outros, afirmam que “embora o pesar da comunidade LGBT seja mencionado em seu documento, não escutamos sua verdadeira voz”.
Um dos signatários, Peter Selby, ex-bispo de Worcester, declarou no domingo que alguns anglicanos se sentem decepcionados com a falta de apoio.
“As pessoas que homossexuais ou lésbicas que participaram destas conversas”, afirmou o prelado – referindo-se a estas novas consultas da Igreja anglicana sobre a temática da sexualidade humana –, “tiveram várias experiências difíceis em suas vidas devido à sua sexualidade. Elas participaram das conversas sabendo que tinham que se revelar em circunstâncias pelas quais poderiam ter de pagar um preço em termos de suas vidas ou trabalhos”.
“Elas sentem que o que foi publicado em certo sentido os trai. Há muitas ideais neste relatório sobre o que elas queriam, mas não creio que sejam acertadas”, disse Selby.
A questão do casamento homossexual dividiu a Igreja anglicana, que conta com cerca de 85 milhões de fiéis. O novo relatório sobre a sexualidade humana será discutido nesta quarta-feira no Sínodo Geral, em uma sessão que, segundo o porta-voz, “será uma oportunidade para todos expressarem suas opiniões”.
Um grupo de ativistas homossexuais interrompeu, no último domingo, ao grito de “homofóbico” a palestra que o católico homossexual francês Philippe Ariño fez em Barcelona para um entusiasta público de cerca de 200 jovens católicos, enquanto que na rua cerca de 100 pessoas protestavam contra a conferência.
Apesar do efetivo policial, que impediu os manifestantes de se aproximarem do claustro da igreja de Santa Ana, situada no centro da cidade, onde foi realizado o ato, cinco deles conseguiram furar o cerco e entrar, somente 10 minutos depois do início da fala, e ostentaram cartazes e proferiram gritos contra Ariño, que propunha a castidade entre os homossexuais.
Após cinco minutos de protestos e enfrentamentos com alguns dos assistentes, que atacaram o cartaz dos ativistas, estes foram expulsos da sala, e a conferência prosseguiu sem outros incidentes.
Organizado pela Delegação Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Barcelona, a palestra provocou uma grande polêmica esta semana e as denúncias do Observatório Contra a Homofobia e da Direção Geral de Igualdade da Municipalidade, que anunciaram que iriam enviar observadores ao ato desta tarde para determinar a violação ou não da Lei 11/2014 contra a homofobia.
O Parlamento aprovou esta semana um texto – com o apoio de todos os grupos, salvo o PPC e alguns deputados de Junts pel Sí – a favor do coletivo homossexual, e o Ajuntamento de Barcelona solicitou à Arquidiocese a suspensão da conferência e ao Governo a aplicação das sanções previstas em caso de descumprimento da lei.
Um público jovem – tinham prioridade para participar da conferência os menores de 35 anos devido à capacidade da sala, de 200 lugares – acompanhou entusiasmado as teses de Ariño que, após viver com outro homossexual, propunha agora a castidade coletiva.
Philippe Ariño, de 36 anos e autor do livro A homossexualidade na verdade, confessou sentir-se surpreso com a “bagunça” provocada por sua palestra, definiu-se como “homossexual, de esquerda, feminista e afeminado” e explicou que sua opção pela castidade “é uma decisão e um combate pessoal”.
Enquanto isso, na rua, o porta-voz de Crida LGBTI, Jordi Barbero, disse que a Igreja é “uma instituição arcaica” que busca “limitar a prática da sexualidade que não está orientada à procriação” e assegurou que seu grupo está disposto a denunciar sempre “os ataques homofóbicos”.
O representante do grupo LGTBI no PSC, Arnau Ramírez, justificou sua presença nos protestos pela necessidade de denunciar “qualquer transgressão da lei” e qualquer vontade de “estigmatizar o coletivo de homossexuais”.
“Trata-se de uma fala homofóbica organizada pela Arquidiocese que é contrária à lei. Não queremos deixar passar nada”, afirmou, lamentando que a sociedade avance muito mais rapidamente que a Igreja.
Na última sexta-feira, o arcebispo de Barcelona, Juan José Omella, enviou uma carta à Comissão de Igualdade do Parlamento na qual assegurava que a Igreja respeita todas as pessoas, embora não esteja de acordo com todas as propostas éticas ou sociais e que está “aberta ao diálogo e à compreensão”.
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Decepção na Igreja da Inglaterra devido a um novo “Não” ao casamento gay - Instituto Humanitas Unisinos - IHU