Syngenta faz greenwashing com morte de abelhas

Imagem: Flickr

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

27 Janeiro 2017

Cerca de 10 milhões de abelhas, de 200 colmeias e 9 apiários, morreram no início do mês na região de Porto Ferreira (SP). As mortes começaram a ocorrer pouco depois que a Usina Ferrari – em cujo site se lê “Preservação do Meio Ambiente é a nossa Prioridade!” – fez uma pulverização aérea de agrotóxicos num canavial da região, como relata o apicultor Wanderley Fardin. “Eu mesmo passei mal”, disse ele, que registrou boletim de ocorrência e pretende cobrar na Justiça os prejuízos, estimados em R$ 250 mil.

A reportagem é de Inês Castilho e publicada por De Olho nos Ruralistas, 26-01-2017.

Enquanto isso, no Recinto das Abelhas, sala criada com a parceria da Syngenta no Museu do Instituto Biológico de São Paulo, crianças e adultos assistem a desenhos animados “educativos” que “ensinam”: a morte e o desaparecimento das abelhas é um fenômeno do hemisfério Norte, e uma das razões porque ocorre talvez seja o “uso incorreto de defensivos” agrícolas. Nenhuma palavra sobre as mortes que acontecem no Brasil desde 2007, em vários estados.

A principal razão do desastre, contudo, afirmam estudiosos, é a classe de agroquímicos denominada neonicotinoides: clotidianidina e imidacloprida, fabricados pela Bayer; e tiametoxan, fabricado pela Syngenta. “Temos situações de toxicidade aguda, em que as abelhas morrem de uma vez, logo após a aplicação do agrotóxico”, adverte o geneticista David De Jong, doutor pela Universidade de Cornell (EUA) e professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (SP). “Mas há outras em que doses subletais podem fazê-las perder o rumo e não voltar ao ninho”.

Ele conta que doses baixas de inseticidas também enfraquecem o sistema imunológico das abelhas: “O fato é que, com os novos inseticidas do grupo dos neonicotinoides, estamos definitivamente perdendo muitas abelhas Apis mellifera e espécies de abelhas nativas”.

Parceria com a UNESP

O Recanto das Abelhas foi inaugurado pelo governador Geraldo Alckmin em maio de 2015. Na porta de entrada, o logotipo da Syngenta merece o mesmo espaço que a Unesp de Rio Claro, parceira na sala. A multinacional suíça fabrica agroquímicos e sementes transgênicas. Criada a partir da fusão da divisão de agroquímicos das farmacêuticas AstraZeneca e Novartis, encontra-se hoje em outro processo de fusão, por US$ 43 bilhões, com a estatal chinesa ChemChina.