15 Dezembro 2016
Setenta e cinco porcento dos alimentos cultivados dependem em alguma medida da polinização animal, fenômeno que mobiliza mais de 20 mil espécies de abelhas e também outros seres vivos, como moscas, borboletas, mariposas, vespas, besouros, pássaros e morcegos. Apesar do importante papel desempenhado por esses bichos, mais de 40% dos polinizadores vertebrados — e 16% dos vertebrados — estão sob risco de extinção global.
A reportagem foi publicada por ONU Brasil, 14-12-2016.
Os números foram divulgados nesta semana (6) em encontro da 13ª Reunião da Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Biodiversidade — também conhecida como COP13 —, que acontece em Cancún até 17 de dezembro.
“Polinizadores afetam todos nós. A comida que comemos, como frutas e vegetais, nosso café e chocolate, todos dependem dos polinizadores. Contudo, polinizadores estão enfrentando muitos desafios, da agricultura intensiva e pesticidas às mudanças climáticas, que estão colocando muita pressão sobre eles”, explicou o professor da Universidade de Reading no Reino Unido, Simon Potts.
O especialista é um dos principais coordenadores do relatório sobre o tema produzido pela Plataforma Intergovernamental de Ciência e Política sobre Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas (IPBES) e que foi discutido na terça-feira.
O valor anual das safras globais que precisam do “trabalho” dos polinizadores é estimado em 577 bilhões de dólares. Sem eles, culturas como as de café, cacau e maçã teriam sua produção drasticamente afetada. Reduções na oferta poderiam aumentar os preços para os consumidores, reduzindo os lucros de fornecedores. Potenciais perdas em dinheiro são calculadas em valores que variam de 160 bilhões a 191 bilhões.
“Serviços de polinização são um ‘insumo agrícola’ que assegura a produção das safras. Todos os fazendeiros, especialmente agricultores familiares e pequenos proprietários em todo o mundo, se beneficiam desses serviços”, ressaltou o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva.
O chefe da agência disse ainda que “aumentar a densidade e diversidade dos polinizadores tem um impacto positivo direto sobre a produção das safras, promovendo consequentemente a segurança alimentar e nutricional”.
Além de participar das cadeias produtivas criadas pelo homem — não apenas as de alimentos, mas também de remédios, fibras como algodão e linho e biocombustíveis —, os polinizadores são responsáveis ainda pela manutenção dos ciclos de vida de quase 90% das plantas silvestres florescentes.
O relatório da IPBES aponta algumas soluções que países podem adotar para proteger esses animais, como a rotação de culturas, o uso de saberes indígenas, a redução do uso de pesticidas, a promoção de práticas sustentáveis e a criação de habitats mais diversos para polinizadores nas paisagens urbanas e rurais.
Acesse a pesquisa aqui.
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Setenta e cinco porcento dos alimentos cultivados dependem de animais polinizadores sob risco de extinção - Instituto Humanitas Unisinos - IHU