09 Dezembro 2016
Uma vez mais, a Casina Pio IV será cenário de um encontro convocado pelo papa Francisco, que terá uma forte marca política. Sob os auspícios da Pontifícia Academia das Ciências, o Vaticano receberá mais de 80 prefeitos, governadores e legisladores de todo o mundo para intercambiar opiniões sobre a problemática dos refugiados que afeta principalmente a Europa, mas com fortes repercussões ao nível global. Sob o lema "Europa: os refugiados são nossos irmãos", a cúpula foi convocada "para atrair a atenção imediata do mundo para a ameaça que representa para estabilidade mundial a presença crescente em nosso planeta de mais de 125 milhões de refugiados", diz o comunicado oficial de onde a Santa Sé anuncia a realização do encontro nos dias 9 e 10 de Dezembro.
A reflexão é de Mauro Federico, publicada por Ámbito, 07-12-2016. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
Além da presença confirmada dos prefeitos de Roma, Lampedusa, Madrid, Copenhague, Palermo e Nápoles, soma-se a eles a presença do Presidente da Grécia, Prokopis Pavlopoulos. Quanto aos convites para os argentinos -tema que sempre tem ressonância na política vernácula- os nomes mencionados não foram ressonantes. Embora, inicialmente, tenha sido especulada a presença do presidente da Corte Suprema de Justiça da Nação Argentina, Ricardo Lorenzetti, logo a versão foi negada por seus porta-vozes. Quem foi convocado é o governador de San Luis, Alberto Rodríguez Saá, que viajará a Roma nas próximas horas para participar da reunião como expositor. "Recebemos um convite para expressar a nossa opinião sobre os refugiados, porque eles sabem que San Luis é capaz de estender os braços humanitariamente ante este flagelo.
Estaremos no Vaticano para anunciar que somos solidários e vamos nos atrever a refugiar 200 ou 300 refugiados", anunciou o presidente da província, que será acompanhado pelo deputado federal, Luis Lusquiños. Também estará presente e terá o seu lugar na lista de oradores o sempre presente legislador de Buenos Aires, Gustavo Vera, um frequentador dos encontro do Vaticano.
Da organização, recordaram que em sua carta encíclica Laudato si, o Papa Francisco pediu maior conversão do coração para "os irmãos e irmãs mais frágeis", argumentando que se devem aumentar os esforços para prevenir crises humanitárias e, quando isso vir a acontecer, devemos nos assegurar que nossa resposta seja adequada a enorme magnitude do desafio e oportuna de acordo com a urgência da necessidade. Atualmente, cerca de três quartos de todas as emergências humanitárias no mundo são o resultado direto de uma guerra. Para reduzir esse número, nada seria tão eficaz como "pôr fim aos conflitos armados", e impedir que tenham início ou voltem a ocorrer. Além disso, o comunicado da Pontifícia Academia das Ciências garante que, desta forma "acabaríamos com a principal causa de êxodos em massa de refugiados". Finalmente, assegura-se que é urgente que os prefeitos "forneçam competências para atender, acolher e regularizar todos os tipos de imigrantes ou refugiados". É urgente -precisamente- que a voz dos prefeitos seja ouvida para promover pontes e não muros. É urgente que "sua autoridade se ponha ao serviço do desenvolvimento sustentável e integral, da justiça e da paz".
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Francisco reúne prefeitos para discutir a situação dos refugiados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU