02 Agosto 2016
“Meio grau pode parecer pouco. Mas para muitos pode significar a sobrevivência”, destacou o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, durante evento sobre clima e Olimpíada organizado por parceiros do OC.
A reportagem foi publicada por Observatório do Clima e reproduzida por Envolverde, 29-07-2016.
O ministro brasileiro do Meio Ambiente defendeu a meta de 1,5 C como limite para o aquecimento global. Durante discurso em evento sobre Olimpíada e Mudanças Climáticas realizado na manhã da quinta feira (28/07), no Rio de Janeiro, José Sarney Filho manifestou-se favoravelmente à posição que foi defendida por mais de 100 nações durante as negociações que culminaram no Acordo de Paris: ultrapassar o limite de 1,5oC não é uma opção segura para a humanidade.
“Na luta contra a mudança do clima não temos opção senão vencer. Por isso reitero e renovo o compromisso do nosso ministério de dar pleno cumprimento ao Acordo de Paris e fazer todos os esforços para que globalmente sejamos vitoriosos em limitar o aumento da temperatura em 1,5 grau. Meio grau pode parecer pouco. Mas para muitos pode significar a sobrevivência”, declarou Sarney Filho. “O foco daqui em diante deve ser a implementação com esforço para ir além das metas declaradas e para encurtar os prazos. Alcançar uma redução ambiciosa de emissões não é uma mera intenção, é uma necessidade”, completou.
“As palavras do ministro Sarney Filho em nome do governo brasileiro, pela primeira vez tratando o limite de 1,5oC como a meta a ser buscada e vê-lo reconhecer que isso requer esforço maior do que as metas dos países para o Acordo de Paris, representam um avanço importantíssimo”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Devemos esperar, portanto, que o governo brasileiro passe do discurso à pratica e não apenas assuma compromissos mais ambiciosos do que aqueles que já apresentou, mas, principalmente, que torne a ação climática um pilar fundamental de nossa agenda de desenvolvimento.”
O ministro Sarney Filho também defendeu o fortalecimento das políticas ambientais: “Para conseguirmos criar uma economia de baixo carbono até meado do século que de fato limite o aumento da temperatura em no máximo 1,5 em relação à era pré industrial precisamos fortalecer as políticas ambientais. Elas não podem ser vistas como entraves ao crescimento econômico, mas precisam ser encaradas como uma verdadeira solução para termos um padrão de desenvolvimento sustentável com inclusão social e respeito ao meio ambiente”, acrescentou.
Os prejuízos que as mudanças climáticas já estão causando ao Brasil também foram lembrados pelo ministro: “Somos um país-continente. Já sofremos fortes impactos da mudança do clima como aumento das cheias e as secas cada vez mais extensas e extremadas no Nordeste. Nossos rios sofrem com falta de água. Nossas matas sofrem com queimadas que são ampliadas pelo câmbio climático. Temos muito que fazer se quisermos de fato criar uma economia sustentável e de baixo carbono”, destacou o ministro, que foi também um dos primeiros a aderir a campanha “1,5oC: o recorde que não devemos quebrar”, que está sendo lançada hoje pelo Fórum das Nações Vulneráveis, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o Observatório do Clima e o Instituto Clima e Sociedade (iCS).
O ministro do Meio Ambiente saudou a aprovação do Acordo de Paris pela Câmara dos Deputados. “A pronta ratificação do acordo será um forte sinal à comunidade internacional do nosso empenho e compromisso com a redução de emissões e adaptação à mudança do clima”, explicou. “Somos solidários com os países que, embora não tenham contribuído em nada para gerar o problema climático, sofrem de forma desmesurada os seus efeitos”, completou.
“Reafirmo a importância do enfrentamento resoluto e ambicioso da mudança do clima, uma medida indispensável para assegurar nosso caminhar em relação ao desenvolvimento sustentável”, afirmou o ministro. “Nosso projeto de desenvolvimento é um projeto de Estado que encontra respaldo em toda sociedade”, destacou. “Temos reiterado nossos compromissos em adotar políticas e ações em todos os níveis – federal, estadual, municipal – para cumprir com a agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A erradicação da miséria e melhor qualidade de vida e oportunidade de trabalho permanecem nossa prioridade absoluta”, salientou.
O debate sobre Olimpíada e Mudanças Climáticas contou também com a participação de Denise Hamú (PNUMA), Martin Raiser (Diretor do Banco Mundial no Brasil), Ana Toni (GiP), Carlos Ritll (Observatório do Clima), Max Edkins (Connect4Climate, Grupo Banco Mundial), Ann Duffy (Vancouver 2010), David Stubbs (Londres 2012), Shigueo Watanabe Junior (Instituto Escolhas), Tania Braga (Rio2016), Nicoletta Piccolrovazzi (Dow Chemical), Denis Bochatay (Quantis) e Braulio Pikmann (ERM). O evento foi realizado no Museu do Amanhã com apoio do próprio Museu, do comitê Rio2016 e do Observatório do Clima.
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Ministro defende meta de 1,5 grau - Instituto Humanitas Unisinos - IHU