15 Junho 2016
"A celebração do aniversário de um ano da encíclica nos traz a oportunidade de entrar em uma nova jornada na qual cada um de nós pode fazer tudo que está ao seu alcance para viver de acordo com a ‘Laudato Si’ e se dedicar à construção de um mundo melhor e mais justo", incentiva o Padre Dário Bossi, missionário comboniano e membro da rede Justiça nos Trilhos e da Rede Brasileira de Justiça Ambiental.
Eis o artigo.
Há um ano, o Papa Francisco chamou a atenção dos católicos ao redor do mundo ao publicar a tão aguardada encíclica ‘Laudato Si’ e ao passar uma mensagem tão direta: se nós realmente nos importamos com as futuras gerações e com a criação de Deus, nós temos que viver de forma a honrar estas crenças. O que o Papa Francisco propôs à humanidade foi uma verdadeira revolução pela qual ela pode se libertar do atual modelo consumista e enfatizou que todas as pessoas – católicas ou não – podem agir para proteger o planeta.
Há quase dez anos, eu deixei a pequena cidade de Samarate, na região da Lombardia, no norte da Itália, para lutar pela causa socioambiental no Brasil. Cheguei no Maranhão em 2007 e me engajei na defesa de comunidades e populações afetadas pela extração mineral. Todos os dias eu, e muitos outros da rede Justiça nos Trilhos e de outras organizações, lutamos por mais justiça e igualdade por aqueles atingidos pela mineração e pela proteção do meio ambiente. Esta é uma das formas de viver as palavras da encíclica e de aplicar os ensinamentos da Laudato Si.
O projeto de mineração de Carajás possui conflitos e problemas socioambientais relacionados à poluição e ao trabalho análogo ao escravo para a produção de carvão, e estes são apenas alguns exemplos dos impactos da atividade na região. O projeto que existe há mais de 30 anos é uma prova real de que precisamos reformar as atividades econômicas, construir um novo modelo de desenvolvimento que seja mais inclusivo e transformar a relação que nós, humanos, temos com os recursos naturais e com o planeta. A atividade mineradora no Brasil carece de um marco regulatório que tire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício humano e da depredação do meio ambiente com a consequente destruição da biodiversidade.
Não há dúvida de que mudar a forma como nos relacionamos com a nossa casa comum passa pela ressignificação do meio ambiente e por mudanças sistêmicas. No entanto, não apenas as grandes ações são importantes, as ações individuais diárias, mesmo que pequenas, são fundamentais para que seja possível construir um mundo melhor para esta e as próximas gerações.
Somos 1,2 bilhão de católicos no mundo e se cada um de nós optar por reduzir o consumo e tornar o uso dos recursos mais eficientes, podemos fazer uma enorme diferença. Podemos tomar melhores decisões em relação à mineração, aos recursos, à energia, à poluição. A celebração do aniversário de um ano da encíclica nos traz a oportunidade de entrar em uma nova jornada na qual cada um de nós pode fazer tudo que está ao seu alcance para viver de acordo com a ‘Laudato Si’ e se dedicar à construção de um mundo melhor e mais justo.
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Um ano de Laudato Si - Instituto Humanitas Unisinos - IHU