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A poesia nos prepara para a busca de Deus. Artigo de José Tolentino Mendonça

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01 Junho 2016

A poesia opera o desmantelamento da crosta que cobre a realidade, desnuda o nosso coração, nos expõe a uma compreensão mais profunda e mais total da vida e das suas expressões: a sua noite e o seu dia, o seu direito e o seu inverno, a sua palavra e o seu silêncio.

O comentário é do padre, poeta e teólogo português José Tolentino Mendonça, professor e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa. O artigo foi publicado no caderno La Lettura, do jornal Corriere della Sera, 29-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

A afirmação central, e tão citada, de Jesus no Evangelho de João (10, 11), que estamos acostumados a ver por toda a parte traduzida como "Eu sou o bom pastor", admite, porém, outra possibilidade de sentido: "Eu sou o belo pastor". E é esse, aliás, o sentido natural do adjetivo em questão, o termo grego kalós. Mas o que fazer com uma afirmação desse tipo?, perguntamo-nos. Haverá espaço para um anúncio centrado na beleza?

Habitualmente, preferimos apresentar a religião através do caminho da ética ou da dogmática, do Bem e da Verdade, e, quanto à beleza, permanecemos em silêncio, um silêncio constrangedor, como o dos israelitas quando preferiam que Moisés se cobrisse o rosto com um véu para atenuar a intensidade do esplendor que emanava ao descer do Sinai (Ex 35, 30). "O belo é só / o início do tremendo", explica Rainer Maria Rilke, na primeira das Elegias de Duíno.
 
A beleza não é unicamente manifestação: é mysterium fascinosum que se revela. Nesse sentido, ela atrai, agita coração e razão, transforma, agarra, transfigura. Por isso, devemos interrogar o silêncio ensurdecedor que, na maioria dos casos, a práxis religiosa reserva à beleza.

Urge, porém, que estabeleçamos um preâmbulo: o chamado retorno ao motivo da beleza não está hipotecado nos desvios decorativos que fazem a alegria de uma certa sensibilidade contemporânea. Romano Guardini dizia que o inimigo mortal de beleza são precisamente os estetismos. Uma teologia cristã da beleza, por exemplo, deve se fazer de surda a esses cantos de sereia, para se constituir como esforço de reaproximação ao núcleo mais sensível, consistente e decisivo da experiência da fé bíblica. Os outros dois transcendentais, Verdade e Bondade, não têm a possibilidade de atrair o homem, a menos que este se sinta tocado pela beleza.

Beleza e esplendor da verdade

A Platão devemos o sintagma: "A beleza é o esplendor da verdade". O autor do Fedro nos aconselha a nos tornarmos semelhante à própria beleza. Platão, assim, explicava que o impacto da beleza em nós, seres feridos pela beleza, é, acima de tudo, uma experiência antropológica: "Quem admira a beleza sente um suor e uma ascensão incomum: porque, assim que os olhos absorvem o eflúvio da beleza, ele se acende, e, com o calor, alimenta-se a sua substância…".

Simone Weil, no seu afiadíssimo ensaio Deus em Platão, sintetiza: "A ideia de Platão é que a beleza age de modo duplo, primeiro através do choque que provoca a recordação do outro mundo e, depois, como fonte material de uma energia diretamente utilizável para o progresso espiritual".

A misteriosa luta de Jacó com Deus (Gn 32, 25-32) explica a irrupção do divino como ímpeto de uma beleza mais forte que nos vence, beleza irresistível, sem nunca cessar de ser indizível. As palavras conclusivas desse texto são: "Ao nascer do sol, Jacó atravessou Fanuel e mancava por causa da coxa". O encontro com a beleza é tão decisivo que se dá um antes e um depois, é uma época nova da nossa vida que começa. E é interessante o detalhe de Jacó que sai mancando da luta com o Anjo. Ele está ferido, porque o Belo fere, não tem nada de superficial.

Uma beleza que se contempla

Moisés nos aparece no relato bíblico como o amigo de Deus, aquele com quem Deus fala "face a face, como um homem fala com outro" (Ex 33, 11). Mas, quando pede a Deus para Se mostrar, Deus faz passar diante dele "o (Seu) esplendor", deixando ver apenas "as costas" (Ex 33, 18-23). A beleza de Deus permanece, assim, irrepresentável, transcendental, envolta em mistério.

Os deuses, ao contrário, adorados pelos povos vizinhos têm uma substância que é definida, um corpo, uma imagem, um nome que é recitado. O Deus da Bíblia deixa em silêncio as possibilidades de representação, é transumante e impronunciável. A Sua beleza é apenas vislumbrada.

As teofanias são acontecimentos desarmantes, pois Deus foge do declarado e do nítido, e Se apresenta no imperceptível, naquilo que é apenas sussurrado, "o murmúrio de uma brisa suave" (1Reis 19, 12). O Código da Aliança é peremptório: nenhum corpo servirá de representação de Deus, seja ele "a imagem esculpida em forma de ídolo: imagem de homem ou de mulher, imagem de animal terrestre, de pássaro que voa no céu, de réptil que rasteja sobre a terra, ou imagem de peixe que vive nas águas que estão sob a terra" (Dt 4, 16-18).

O Deus Santo é, literalmente, o Deus separado das imagens, o Deus totalmente outro em relação ao design das representações. Mas o Seu mistério resplandece, revela-se, e isso é a beleza. A beleza não é um atributo, um campo à parte, uma moeda de troca, uma consolação, uma técnica, um código simbólico, um artifício, uma especialidade, um suplemento, como se o Ser e a beleza fossem de algum modo separáveis. A beleza é uma metafísica concreta, uma teologia visual, um ponto de união entre o mundo invisível e o mundo visível.

Poesia e experiência espiritual

Não se trata de substituir os profetas pelos poetas, nem de pretender que a literatura substitua o âmbito e a finalidade em que a teologia opera: em vez disso, muito simplesmente, trata-se de perceber o modo pelo qual a poesia (e a literatura em geral) prepara o coração humano à experiência espiritual.

Dou um exemplo para esclarecer em que terreno nos movemos. No relato do processo da sua conversão, o escritor Paul Claudel ressalta um fato que a muitos pareceu, e vai parecer, surpreendente: o papel-chave desempenhado pelo encontro com a poesia de Rimbaud. Foi lendo os insuspeitos volumes das Iluminações e Uma temporada no inferno – que com razão podem ser classificados como puramente profanos – que, no entanto, Claudel sentiu se abrir nele, pela primeira vez, como ele escreve, uma fissura no materialismo prático em que vivia, enquanto, ao mesmo tempo, percebia a marca viva, quase física, que o espiritual pode deixar.

A "ação seminal" e decisiva da poesia no seu encontro com a fé consistiu nessa capacidade que a poesia e a arte têm de descrever a experiência espiritual não como algo impalpável, invisível e abstrato, mas como uma verdade que nos dilacera o coração, um estado fisiológico elementar, uma comoção que nos sacode, um sismo primário e visceral que nos faz estremecer, nos faz cair ao longo do caminho de Damasco, que é sempre aquele que estamos, incessantemente, percorrendo. Habitualmente, nós olhamos para os símbolos religiosos de modo apenas abstrato e moral.

Os artistas, em vez disso, descrevem a partir de dentro as "entranhas da baleia": isto é, fundem o conhecimento do divino com a trêmula e palpitante escuridão da experiência. Não é de se admirar, portanto, que Paul Claudel confesse agradecer todos os dias a Deus pela existência de Rimbaud, já que, sem a propedêutica que a sua poesia tinha representado para ele, ele nunca teria chegado a Ele.

Com razão, o teólogo Hans Urs von Balthasar repetia, que contra aquela espécie de nó górdio insolúvel que a atual secularização introduz, historicizando o absoluto e absolutizando o elemento histórico, só os poetas e os artistas são capazes de propor vias de fuga.

Por isso, a poesia nos prepara para a busca de Deus. Ela opera o desmantelamento da crosta que cobre a realidade, desnuda o nosso coração, nos expõe a uma compreensão mais profunda e mais total da vida e das suas expressões: a sua noite e o seu dia, o seu direito e o seu inverno, a sua palavra e o seu silêncio.


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