17 Fevereiro 2016
Cerca de 500 jovens marcharam pelas ruas do Centro de Porto Alegre nesta terça-feira (16), no primeiro ato do ano do Bloco de Luta pelo Transporte Público, contra o iminente aumento das passagens de ônibus na capital gaúcha. Com a especulação de que a tarifa passe dos atuais R$ 3,25 para até R$ 3,80, os movimentos se concentraram a partir das 17h no Paço Municipal, em frente à Prefeitura.
A reportagem é de Débora Fogliatto, publicada por Sul21, 16-02-2016.
Além do aumento, considerado abusivo, os manifestantes também criticaram a licitação do transporte público, realizada em 2015 após três tentativas, que terminou tendo como vencedoras as mesmas empresas que já operavam o serviço. “Essa licitação, para nós, é uma farsa, eles colocam isso como resultado das mobilizações que fizemos a partir de 2013, mas isso é uma mentira”, afirmou Matheus Gomes, da organização do Bloco, que destacou que a entidade defende um transporte 100% público.
As músicas de protesto já conhecidas dos manifestantes eram entoadas durante a concentração do ato, acompanhados por instrumentos de percussão. “Fortunati, seu salafrário, defendendo o lucro do empresário, mais um aumento não vou pagar, mais um aumento e a cidade vai parar”, “aumenta a luz e o ônibus de novo, só não aumenta o salário do povo”, “eu pago, não deveria, transporte público não é mercadoria” eram algumas das frases ouvidas no Centro Histórico.
A caminhada começou por volta das 18h30, em direção à rua Júlio de Castilhos, de onde os manifestantes logo dobraram no Terminal Parobé. Como já aconteceu em atos anteriores, o protesto passou pelos três principais locais em que há fins de linhas de ônibus no Centro da capital: após o Parobé, rumou para o Camelódromo e para a Avenida Salgado Filho. De lá, os ativistas seguiram pela Borges de Medeiros, entrando nas ruas Demétrio Ribeiro e José do Patrocínio em direção ao Largo Zumbi dos Palmares, onde o ato foi encerrado.
Enquanto passava por ruas e terminais movimentados, a marcha era recebida com olhares variados. No Parobé, duas mulheres comentavam que seria “absurdo” a passagem chegar a R$ 3,80, elogiando os jovens. Por outro lado, na Salgado Filho, uma mãe atravessou apressada, dizendo para o filho que o protesto “poderia ser em outro horário”. Houve ainda olhares de curiosidade e diversas pessoas filmando ou fotografando a caminhada.
O protesto foi protagonizado por jovens. Além de universitários de diretórios acadêmicos, que são geralmente parte da organização dos atos, havia também presença massiva de secundaristas, que pediam a continuação do Vou à Escola. Em sua maioria meninas, as manifestantes explicaram que o programa que fornece passe livre para estudantes de baixa renda do ensino público Fundamental e Médio está ameaçado. “Houve um corte e a verba não está garantida. Estamos denunciando essa medida e não vamos aceitar esse retrocesso”, garantiu Ana Paula de Souza Santos, presidente do Grêmio Estudantil da Escola Protásio Alves, onde cerca de 20% dos alunos usam o benefício.
Diversos movimentos de estudantes, juventude, correntes e partidos políticos fizeram parte do protesto, que transcorreu de forma pacífica. Durante todo o ato, a Brigada Militar e a Empresa Pública de Transporte e Circulação acompanharam de perto. Atrás dos manifestantes, estava posicionada parte da Cavalaria da BM, além de viaturas e um ônibus da polícia.
O novo sistema de transporte público deve entrar em vigor até a primeira quinzena de março e, a partir daí, também a nova tarifa. O Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) já afirmou que o dissídio dos rodoviários, estabelecido no último dia 5, irá incidir sobre a tarifa. A categoria terá um reajuste de 11,81% nos salários com um ganho real de 0,5%, e o vale-alimentação passará de R$ 21,00 para R$ 23,48. O valor dependerá também da atualização do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).
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Jovens marcham contra possível tarifa de ônibus a R$ 3,80 em Porto Alegre - Instituto Humanitas Unisinos - IHU